... porque é sinal que não reconheço estatura política condizente com o cargo de PR a Cavaco Silva. Depois de um longo e inadmissível silêncio, as suas declarações de hoje sobre as supostas escutas à Presidência são confrangedoras (depois tento arranjar imagens, porque visto e ouvido ainda se torna mais patético). É verdade que as notícias do Público eram risíveis de tão estapafúrdias mas o mínimo que se exige a um Presidente - e porque a ser verdade que havia suspeitas de escutas o caso seria gravíssimo - era que não fugisse com o rabo à seringa quando confrontado com o caso e tivesse uma postura de estado. Não teve, é pena, por muitos defeitos que os portugueses tenham mereciam um Presidente que não envergonhasse o cargo.
Da minha cor? Assim pálida de inverno e bronzeada nestes dias, é?
Ricardo, bateu a má porta com esses seus exemplos, encontrará facilmente textos meus em q me insurjo, e violentamente, contra qqr atentado às liberdades individuais. Não deixo, por isso, de achar muito estranho q não considerasse gravíssimo, se fosse verdade, a existência de escutas à PR.
Maria João Pires, o facto é vários jornais têm noticiado que várias polícias realizam escutas telefónicas ilegais. E ninguém faz nada. E um Ministro defendeu que se deve alterar a Constituição para legalizar o que é ilegal. E ninguém disse nada. Depois o Cavaco queixa-se, e fazem-se todos de novas. É caricato.
Ricardo, cuidado com essas generalizações do "ninguém", houve muita gente q nesses momentos precisos levantou a voz. O seu discurso começa, além disso, a assemelhar-se àqueles muita giros do "Pois, pois, vocês falam do Irão. E Cuba, hein? Ninguém fala de Cuba, não é", como se não fossem possíveis indignações múltiplas e igualmente veementes, só q em períodos distintos, muitas vezes resultado da própria actualidade noticiosa. Neste preciso momento é a triste figura de Cavaco, perante um caso potencialmente grave, q me indigna. O AHC no Aparelho de Estado explica um pouco o porquê, aliás:
Não, desculpe, mas não percebeu nada. Eu explico outra vez.
A: Factos
1) Os serviços de informações fazem escutas (vem nos jornais).
2) O actual Ministro da Justiça até defendeu que se deveria alterar a Constituição para legalizar essas escutas.
3) É o Governo quem controla essas escutas, não o PR.
B: Ética
O que é grave é haver escutas ilegais, sejam feitas pelo partido A ao B, pelo B ao A, pelo PR ao Governo ou ao contrário, pelo SIS à Al-Qaeda ou ao contrário.
C: Constatação
A carne é fraca. Não há anjos. O que é ilegal e tolerado é para ser abusado. Etc.