Greg Mankiw publicou este gráfico no seu blogue, acrescentando-lhe o seguinte comentário: "This graph is a good example of omitted variable bias, a statistical issue discussed in Chapter 2 of my favorite textbook. The key omitted variable here is parents' IQ. Smart parents make more money and pass those good genes on to their offspring."
Por outras palavras, Mankiw, autor dos manuais de economia mais usados em todo o mundo, acha que a distribuição dos rendimentos reflecte com grande rigor a capacidade intelectual dos seus detentores, e que estes os passam aos seus filhos através dos seus genes, razão pela qual estes terão melhor desempenho escolar e, mais uma vez, melhor sucesso profissional.
Para Mankiw, se alguém é pobre isso explica-se por alguma espécie de deficiência intelectual que inevitavelmente legará à sua prole.
Ora, mesmo que se acredite que a distribuição das pessoas pelas classes sociais se faz essencialmente com base no mérito, o mérito não se reduz - muito longe disso - à inteligência. Acresce ser extremamente duvidoso que a inteligência, no sentido vasto e vago em que aqui a expressão é utilizada, se transmita através dos genes.
Eu não posso deixar de felicitar Mankiw pela sua franqueza. Não há muita gente à direita capaz de afirmar publicamente com todas as letras a sua preferência por uma sociedade de castas.
Ao destacar uma hipótese como se fosse única Makiw faz um péssimo trabalho cientifico. O Sr. Sacerdote, do artigo que aponta, incorre no mesmo erro. Entre os comentadores há um que faz uma pergunta interessante mas fica sem resposta - qual a idade das crianças a quando da adopção. Essa pergunta da idade é muito relevante - trabalhos feitos com comunidades pobres com vista a aumentar a quantidade de palavras ouvidas por uma criança dos 0 aos 3 anos melhoraram os resultados médios das crianças da comunidade de abaixo da média para bem acima da média, quando esses resultados foram tomados 5 anos após o inicio do programa de leitura. A omissão de factos óbvios para distorcer as conclusões em favor de uma visão preconceituosa é uma forma de demagogia muito em moda e altamente reprovável.
Note outra coisa, Francisco. O gráfico reproduzido no MR sugere que o facto de alguém ser coreano nos EUA é um handicap tão grande que todos eles se situam num plano de remuneração drasticamente inferior ao dos seus pais adoptivos. Talvez (é uma hipótese) a principal conclusão do estudo seja o impacto da raça sobre as perspectivas de carreira de uma pessoa nos EUA, mesmo quando educada por uma família da classe superior.
"O gráfico reproduzido no MR sugere que o facto de alguém ser coreano nos EUA é um handicap tão grande que todos eles se situam num plano de remuneração drasticamente inferior ao dos seus pais adoptivos."
Não. Os coreanos, em média, têm rendimentos superiores ao americano comum. O que se passa no gráfico, que explica a linha de rendimentos dos coreanos adoptados tão abaixo da linha dos filhos biológicos, é que o universo dos coreanos estudados tem uma média de idade inferior ao universo dos filhos biológicos. Controlando a idade enquanto variável, a linha dos coreanos adoptados apareceria num patamar superior no eixo vertical, mas não deixaria de ter inclinação praticamente nula. E é isso que importa comparar: a inclinação nula dos coreanos adoptados em relação à forte inclinação dos filhos biológicos.
Quanto ao que diz sobre o post do Mankiw, vou presumir que não compreendeu o que este disse. E, a propósito do tema, a resposta é sim, o talento (o QI) é parcialmente transmitido através dos genes: