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jugular

uma senhora na sala, uma louca na cama -- e ao contrário

esta cena do wireless é tramada. à medida que ando de um lado para o outro da minha casa com o portátil, não só muda o sistema sem fios como -- por esse motivo -- o meu ip. assim, e a propósito do post anterior e da possibilidade de processar comentadores anónimos identificando-os através dos respectivos ips, a coisa pode complicar-se. eu, por exemplo, podia ser uma bem comportada e hiper civilizada blogger numa ponta da minha casa e uma troll na outra. já contei três ips diferentes. juro.

por causa do jornalismo, parte milionésima sexagésima sétima

há uma semana, escrevi no dn duas páginas sobre aborto, com uma tentativa de balanço em relação aos tres meses de aplicação da nova lei. resolvi faze-lo sobretudo na perspectiva 'não oficial', já que os números disponíveis tem sido divulgados todos os meses e, para além das idades, ainda não existe o prometido 'perfil' da utilizadora do serviço, nem tão pouco percentagens de desistencias após a primeira consulta. fiz, assim, algo que já planeava fazer antes de a lei entrar em vigor: aquilatar, junto do circuito clandestino que conhecia de reportagens anteriores, da continuação de abortos fora da legalidade, quer por opção (dentro das 10 semanas), quer por se ter excedido o tempo admissível.

esperava que houvesse ainda mulheres a abortar clandestinamente e, de acordo com os testemunhos que recolhi, há. surpreendente mesmo para mim foi saber, junto de uma técnica de saúde, que não só ainda há mulheres que vão as farmácias comprar misoprostol (sob a forma de cytotec e arthotec, medicamentos para o estomago) para abortar como agora algumas dizem, no acto da compra, aos farmaceuticos para que querem o medicamento -- e em dois casos, os ditos venderam-no. também fiquei surpreendida por perceber, mais uma vez atendendo aos testemunhos recolhidos, que há mulheres que julgam que ainda não é possível abortar legalmenmte (esta custou-me mesmo muito a perceber, depois da chinfrineira que se fez por causa disto, mas enfim). não me surpreendeu nada que haja mulheres que deixam passar o tempo, embora a percentagem que yolanda hernandez, a directora da clínica dos arcos, afirma aparecer na clínica -- 22% -- me tenha parecido ainda assim excessiva. para alguém que, como eu, se bateu pela aprovação desta lei, é desagradável reconhecer que existem mulheres que ou não prestaram a mínima atenção ao que se esteve a discutir ou são incapazes de obter informação ou optam por um aborto clandestino (mais caro e sempre mais perigoso, por melhores que sejam as condições, já que não só correm o risco de ser apanhadas e punidas como, se algo correr mal, nunca sabem como as coisas acabarão), mesmo tendo clínicas privadas legais (e portanto, em princípio, mais 'reservadas') ao dispor. é talvez expectável que tudo isto ocorra no início da entrada em vigor de uma lei, e sobretudo de uma lei como esta, mas não é de todo simpático que assim seja. e sabia -- ou antecipava -- que estas informações iriam agradar sobremaneira a quem passou uma campanha inteira a tentar provar a 'proverbial irresponsabilidade' das mulheres. o certo é que, tirando uma menção aqui e ali na blogosfera anti-escolha, a recepção foi mansa. houve, é certo, quem lesse no texto que escrevi um apelo ao alargamento dos prazos (o que é verdadeiramente extraordinário). mas de um modo geral ninguém pegou naqueles dados para esgrimir contra a lei. e isto porquê? porque os dados foram apresentados por mim. o raciocínio, portanto, foi o seguinte: se esta abortista militante (como eles dizem) escreveu isto, deve ter alguma fisgada, melhor não pegar no assunto. também podem achar que tudo o que escrevo é mentira -- podia inventar mentiras que me agradassem mais, porém, mas isso não interessa nada -- ou podem, como no exemplo citado, ler no que escrevi -- como não? -- uma intenção perversa ('ela, essa grandessíssima assassina e tudo e tudo e tudo, quer é que se possa abortar até aos 15 anos de gestação). esta fascinante descoberta é particularmente bem ilustrada num post de um blogue que creio recente e que conheci por intermédio de uma das comentadoras mais incansáveis do cinco dias, a cruzada maria joão marques. infelizmente, a pessoa que assina o post em causa é mais tímida, usa um pseudónimozito, mas tem nela o mesmo vigor na luta pelo bem que a maria joão extravasa por aqui (e ainda bem, anima as caixas de comentários que é um gosto). o que este post tem de fantástico é que usa toda a informação sobre a manutenção do aborto clandestino e o passar do prazo gestacional que eu forneço no texto e reconhece-a como boa (ou seja, não a põe em causa), embandeirando até um bom bocado em arco com ela -- então, isto vem confirmar o que os do não diziam, 'as gajas são todas umas irresponsáveis, etc' -- mas chama-lhe 'preciosidade "jornalística"'. os dados são bons -- e novos, imagine-se -- mas o jornalismo não presta. isto porque, explica a tal pessoa, eu atribuo uma parte dos casos a má informação (que o faça com base nos testemunhos recolhidos é irrelevante, aquilo é tudo inventado, certo?) e 'só' falo das 'outras hipóteses' muito mais à frente (deve ter-lhe passado, acontece, o final do primeiro parágrafo da notícia principal: '"Umas talvez não saibam de quanto tempo estão, outras sabem mas querem ver se passa. E haverá aquelas que nem conhecem bem a lei'). mas o melhor de tudo, neste post, é a reminiscência de uma entrevista que publiquei em 1998 e repostei num blogue onde escrevi de 2005 a 2007 (o glória fácil). esta entrevista ('nada do outro mundo'), feita a uma enfermeira que fazia abortos, causou grande comoção na blogosfera pela sua linguagem crua e pelo contexto de pré-campanha referendária. houve quem, na altura, tivesse escrito que a entrevista era 'um tiro no pé' (sobre isso, escrevi isto). a absoluta incapacidade de certas -- talvez muitas -- pessoas de distinguirem a perspectiva jornalística da perspectiva ideológica ou emocional nunca cessa de me maravilhar. a explicaçao mais óbvia para isto é que quem assim ve (não posso dizer pensa) não concebe a hipótese de, estando no meu lugar, ou seja, sendo jornalista, não torcer a realidade para melhor lhe servir. a não ser que se opte pela explicação mais simples: há pessoas burras. muito burras ( ó, deus, se há). e quanto a isso, batatas.

habituar o hábito

Não sei quando reparei nisso a primeira vez. Ou a que propósito. Se naqueles impressos que todos os anos se tem de preencher na escola, aquando da nova matrícula, se num pedido de bilhete de identidade. Foi decerto num documento qualquer oficial. No lugar da filiação, aparecia sempre o nome do pai antes do da mãe. Não que estivesse disposto assim, não porque estivesse lá escrito que assim era, mas porque toda a gente partia do princípio de que assim devia ser.

O homem antes da mulher. Dir-se-á: por causa do nome que passa para o filhos. Porque é o nome dele “que conta”. Tantas vezes ouvi isso: o nome do pai é que é “o nome verdadeiro”. Ou “esse naõ é o teu verdadeiro nome”. Porque, precisamente, uso o apelido da minha mãe. Ou seja, na verdade o nome do meu avô materno – e portanto, afinal, o nome do homem. Uma ironia, pois. Mas não, não foi uma escolha feminista: aconteceu. Era o nome mais incomum e fiquei “a Câncio”. É possível que esse acaso tenha tido um papel na consciência que em mim se desenvolveu, desde relativamente cedo, da estranheza dessa preponderância do nome do homem, do lugar do homem, do papel do homem. Dessa hierarquia aparentemente tão clara para todos que se repete, sem um sobressalto ou interrogação, a cada vez que se diz, se lê, se ouve “homens, mulheres e crianças”. Homens, mulheres e crianças. Assim, nesta ordem. Uma ordem aparentemente “natural”a que corresponde, na representação estilizada do grupo, digamos, familiar, uma escala de importância decrescente, simbolizada em tamanhos, alturas. Nunca, nunca se viu – e, pergunto, alguma vez se verá? – uma família de catálogo, daquelas da publicidade ou das fotos padrão, em que a mulher é mais alta – portanto maior -- que o homem. Não: a coisa é sempre figurada em escadinha: ele, ela, os miúdos. Há países, culturas, sociedades, em que essa ordem das coisas é encenada de formas que chocam a nossa percepção ocidental. O homem sempre uns passos à frente da mulher nos países muçulmanos. Nos automóveis, eles sempre nos lugares da frente, elas sempre nos de trás. Eles comem numa sala, elas noutra. Eles recebem os convidados, elas escondem-se. Estranho, inaceitável, horrível, etc, dizemos nós, a sociedade igualitária, liberta. A que escreve na Constituição que todos são iguais em dignidade e repete, em estribilho: “homens, mulheres, crianças”. Nunca “mulheres, homens, crianças”. Nunca o nome da mãe antes do nome do pai -- para quê criar confusões? Para quê questionar o óbvio? Porquê dar importância ao que é apenas tradição, hábito, símbolo? Para quê, de facto. Só mesmo alguém que faz questão de questionar mesmo as coisas mais “normais” e “naturais” e “óbvias” – alguém que, precisamente, tem a mania de colocar aspas em palavras tão indiscutíveis como natureza e normalidade –, de complicar e implicar, acharia alguma coisa de estranho, de significativo, nesta lei da escadinha e faria questão de subverter a normalíssima norma, passando a escrever sempre o nome da mãe antes do nome do pai. Honra seja feita à burocracia, nunca o zelo de uma funcionária ou um funcionário me repreendeu a “inversão”. Nunca me mandaram repreencher o impresso. Limitaram-se a renormalizar a coisa. No BI e no passaporte, seja qual for a ordem pela qual apresento os factores na papelada, há-de aparecer sempre, sem excepção nem explicação, o nome do homem antes do da mulher, o pai antes da mãe. Até um dia, digo eu, que de vez em quando, muito raramente, decido ter fé. Ou é isso ou é esta ideia de que não se deve desistir. Nunca. (publicado na coluna 'sermões impossíveis' da notícias magazine de 21 de Outubro)

direitos comparados

"O que está em causa não é apenas uma questão de corrigir uma injustiça sentida por uma parte particular da sociedade, mas a necessidade de afirmar o carácter da nossa sociedade como sendo baseado em tolerância e respeito mútuo. O teste da tolerância não é aceitar pessoas e práticas com as quais nos sentimos confortáveis, mas como lidamos com aquilo que nos desagrada. (...) A opinião da maioria pode ser muitas vezes dura para as minorias. É precisamente a função da Constituição e da lei intervir contrariando, e não reforçando, discriminações injustas em relação a uma minoria. (...) A generalização do preconceito não implica a sua legitimidade."

"A exclusão dos casais do mesmo sexo dos benefícios e responsabilidades do casamento não é um inconveniente pequeno e tangencial, resultante dos resquícios do preconceito social e destinado a desaparecer como a neblina matinal. Representa um duro embora oblíquo reconhecimento pela lei de que os casais do mesmo sexo são outsiders e que a sua necessidade de afirmação e protecção das suas relações privadas como seres humanos é de alguma forma menor que a dos casais heterossexuais. Reforça a danosa ideia de que devem ser tratados como aberrações biológicas, como seres humanos caídos ou falhados que não têm lugar na sociedade normal e que, como tal, não merecem o respeito que a nossa Constituição procura assegurar a todos. Significa que a sua capacidade de amor, compromisso, e de aceitação da responsabilidade é por definição menos merecedora de atenção e respeito que a dos casais heterossexuais. (...)" "Pode ser que, como alguns sugerem, muitos casais do mesmo sexo recusem mimar as normas heterossexuais, ou o que consideram a rotinização e comercialização das suas relações mais íntimas e pessoais. Mas o que está em causa não é a decisão que tomem, mas a escolha que lhes está disponível. (...) A ideia de que estender a possibilidade do casamento aos casais do mesmo sexo iria de algum modo prejudicar aqueles que já dele beneficiam só pode basear-se num preconceito contra a homossexualidade. É precisamente por causa desse tipo de atitude que a Constituição proíbe a discriminação em função da orientação sexual." As citações acima integram o notável acórdão de Dezembro de 2005 do Tribunal Constitucional da África do Sul - um dos poucos países do mundo cuja lei fundamental, como a portuguesa, proíbe expressamente a discriminação em função da orientação sexual - que considerou inconstitucional a lei que impedia o casamento entre pessoas do mesmo sexo e deu um ano ao parlamento para a alterar. Um casal de mulheres, Adriaana Fourie e Cecelia Bonthuys, iniciou em 2002 o processo judicial que culminou nesta decisão. Por cá, o caso de Helena Paixão e Teresa Pires, iniciado em 2006, chegou agora ao Tribunal Constitucional. O mesmo preceito constitucional, o mesmo assunto para decidir. Que as semelhanças, espera-se, não se fiquem por aí. (texto publicado hoje no dn. acórdão disponível em http://www.constitutionalcourt.org.za/site/gaylesb.htm)

Rui Tavares: Serão os prémios Nobel menos inteligentes do que os empregados de café?

(texto de Rui Tavares) Quando a filosofia da ciência se exaspera de procurar definir o seu objecto há sempre alguém que sugere uma escapatória: “ciência é aquilo que os cientistas fazem” (o mesmo se passa, curiosamente, com a filosofia da arte). Que essa é uma definição profundamente insatisfatória viu-se agora demonstrado pela afirmação  de James Watson, Nobel de 1962 e co-descobridor da estrutura e função genética do ADN, segundo a qual os negros são menos inteligentes do que os brancos, “como sabe qualquer pessoa que contacte com um empregado negro”. James Watson não citou provas científicas, experiências realizadas ou o trabalho de colegas seus. Dias depois declarou mesmo: “não consigo compreender como posso ter dito aquilo que foi citado em meu nome. Não era aquilo que eu queria dizer. Mais importante ainda, não há base científica para tais crenças”. Creio que isto despacha o primeiro equívoco. Ciência não é qualquer coisa que um cientista diga. Quando alguém sustenta opiniões com base em conversa de café, mesmo se ganhou o prémio Nobel, não está a fazer ciência: está a fazer conversa de café. Se é conversa de café racista, não merece qualquer estatuto especial. Nobel ou não-Nobel, James Watson passou por mais idiota do que qualquer empregado ou patrão, branco ou negro, de café ou de escritório. *** Resta a questão da liberdade de expressão.

Alega-se que estamos a assistir ao “silenciamento” da ciência porque James Watson foi desconvidado de proferir uma conferência no Museu da Ciência, em Londres, ou perdeu um cargo administrativo no seu laboratório. Este argumento revela uma má compreensão do que é a liberdade de expressão. A liberdade de expressão garante o direito de se defender o racismo; mas não garante o direito de se dar conferências no Museu da Ciência ou manter cargos administrativos. Pelo contrário. Forçar o Museu da Ciência a manter um convite contra a sua vontade seria, isso sim, uma violação dos direitos da instituição. James Watson poderia iniciar uma linha de pesquisa sobre as diferenças de inteligência entre raças (presumindo que os conceitos de “inteligência” e “raça”, e as relações entre ambos, não lhe oferecessem os mesmos problemas que a todos os outros cientistas). Seria muito bem vindo o seu trabalho científico e se alguém o despedisse por isso ou lhe cortasse o financiamento estaríamos perante um caso objectivo de violação da liberdade de investigação científica. O que James Watson fez foi diferente: tentou fazer passar os seus preconceitos por evidência científica. O exemplo que deu foi ainda pior no plano científico do que no plano político. Eis um exemplo com alguma pertinência nacional. Apesar do meu anti-racismo, eu não demitiria James Watson do Conselho Científico da Fundação Champalimaud pelas suas opiniões racistas. Mas consideraria seriamente fazê-lo por esta demonstração pública de que se tornou num mau cientista. Mas isso não é “politicamente correcto”? Já conheço a objecção, e responderei na próxima crónica

a outra face, 3

'If I speak in the tongues of men and of angels, but have not love, I am only a resounding gong or a clanging cymbal. If I have the gift of prophecy and can fathom all mysteries and all knowledge, and if I have a faith that can move mountains, but have not love, I am nothing. If I give all I possess to the poor, and surrender my body to the flames, but have not love, I gain nothing. Love is patient, love is kind. It does not envy, it does not boast, it is not proud. It is not rude, it is not self-seeking, it is not easily angered, it keeps no record of wrongs. Love does not delight in evil, but rejoices with the truth. It always protects, always trusts, always hopes, always perseveres. Love never fails. But where there are prophecies, they will cease; where there are tongues, they will be stilled; where there is knowledge, it will pass away. For we know in part and we prophesy in part, but when perfection comes, the imperfect disappears. When I was a child, I thought like a child, I reasoned like a child. When I became a man, I put childish ways behind me. Now we see but a poor reflection as in a mirror; then we shall see face to face. Now I know in part; then I shall know fully, even as I am fully known. And now these three remain: faith, hope and love. But the greatest of these is love.' (especialmente dedicado aos comentadores católiquíssimosíssimosérrimos deste blogue que nunca, repito, nunca são rudes nem se iram facilmente e jamais se dedicam obsessivamente a contabilizar os supostos erros dos outros, ó não, e muito menos se regozijam com o mal -- porque, afinal, se fizessem isso, por mais fé que tivessem e mais pés de leprosos que lavassem, por mais que decorassem a bíblia e fossem de joelhos a fátima e andassem pelos blogues a combater os infiéis e as avós deles, seriam nada)

Ana Matos Pires: É a ciência, estúpidos!

(texto de Ana Matos Pires)  Contra factos não há argumentos. O senhor até gostaria que toda a gente fosse igual, que os pretos fossem tão inteligentes como "nós", mas a bem da honestidade científica, rigorosamente sustentada em dados irrefutáveis, obtidos com metodologias absolutamente inquestionáveis, não pode fazê-lo: "people who have to deal with black employees find this is not true". E há que não esquecer as motivações do Dr. Watson "almost everything I ever did, even as a scientist, was in the hope of meeting a pretty girl". Assim sendo, cá por mim, pode tudo.

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