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jugular

última hora -- mais uma grandiosa mistificação desmistificada

essa ideia que anda para aí nos livros de receitas, nas receitas das embalagens de arroz e nas receitas em geral, de que para fazer um risotto em condições é preciso ficar a mexer a panela ao lume durante uma eternidade, usar caldo de não sei quê, vinho branco e manteiga é uma ganda treta. experimentem fazer como esta vossa preguiçosa:



risotto de pleurotos

amanda-se com azeite e alho esmagado para dentro da panela. espera-se que aquilo comece a frigir e tungas com os pleurotos cortados aos bocados lá para dentro. quando os pleurotos já amoleceram e começaram a deitar sumo, deita-se o arroz (daquele para risotto) e dá-se-lhe umas boas voltas, para começar a abrir. quando já chupou o líquido todo dos cogumelos, uma chávena de água quente. mexe-se e coloca-se o relógio do fogão nos 5 minutos. quando toca, mexe-se e coloca-se um pouco mais de água quente. relógio nos 8 minutos. quando toca, o mesmo. entretanto desfaz-se um nacozito de parmesão na geringonça tipo 1-2-3. mais seis minutos e o arroz está pronto. deita-se um pouco de manjericão fresco e o queijo, mexe-se e vai para o prato. mnham. é das melhores comfort foods que se inventaram, barato e rápido. cuidado é com a quantidade de arroz: muito pouco, senão não se sentem os cogumelos. um punhadinho que cabe na minha minúscula mãozinha dá para uma pessoa.

(quando me fartar definitivamente do jornalismo quiçá posso ir para cozinheira, that's a comfort thought)

Tudo bons rapazes

Um dos artigos da edição de hoje do International Herald Tribune (publicado igualmente no New York Times) conta uma parte desconhecida de uma história que abalou há dois anos os Estados Unidos, em especial a chamada direita religiosa norte-americana. O caso Abramoff é uma teia de corrupção e extorsão envolvendo altos responsáveis republicanos, de dimensões ainda hoje desconhecidas. Na época, a Salon no artigo «Let us prey» focou-se na hipocrisia de alguns dos envolvidos, como Tom DeLay, o ex-líder republicano no Congresso que insistia numa «perspectiva bíblica» da política, e destacados membros da Coligação Cristã, especialmente o seu primeiro director executivo, Ralph Reed.

Lembro-me de ter ficado especialmente chocada com as mensagens electrónicas trocadas entre estes bons rapazes, de cariz marcadamente racista, que referiam os nativos americanos a quem extorquiam milhões de dólares como «macacos», «trogloditas» e «idiotas». Mas fiquei igualmente intrigada com «The Case of the Amazing Vanishing Corruption Investigation». Na altura em que o escândalo abalou uma já pouco firme ética republicana não me apercebi bem do papel de John McCain na história, que o artigo no NYT/IHT explicita melhor:

Perhaps no episode burnished Mr. McCain’s image as a reformer more than his stewardship three years ago of the Congressional investigation into Jack Abramoff, the disgraced Republican Indian gambling lobbyist who became a national symbol of the pay-to-play culture in Washington. The senator’s leadership during the scandal set the stage for the most sweeping overhaul of lobbying laws since Watergate. “I’ve fought lobbyists who stole from Indian tribes,” the senator said in his speech accepting the Republican presidential nomination this month. But interviews and records show that lobbyists and political operatives in Mr. McCain’s inner circle played a behind-the-scenes role in bringing Mr. Abramoff’s misdeeds to Mr. McCain’s attention — and then cashed in on the resulting investigation. The senator’s longtime chief political strategist, for example, was paid $100,000 over four months as a consultant to one tribe caught up in the inquiry, records show. Mr. McCain’s campaign said the senator acted solely to protect American Indians, even though the inquiry posed “grave risk to his political interests.” (...) Over the next two years, Mr. McCain helped uncover a breathtaking lobbying scandal — Mr. Abramoff and a partner bilked six tribes of $66 million — that showcased the senator’s willingness to risk the wrath of his own party to expose wrongdoing. But interviews and documents show that Mr. McCain and a circle of allies — lobbyists, lawyers and senior strategists — also seized on the case for its opportunities. For McCain-connected lobbyists who were rivals of Mr. Abramoff, the scandal presented a chance to crush a competitor. For senior McCain advisers, the inquiry allowed them to collect fees from the very Indians that Mr. Abramoff had ripped off. And the investigation enabled Mr. McCain to confront political enemies who helped defeat him in his 2000 presidential run while polishing his maverick image. (...) It was in that primary race that two of Mr. Abramoff’s closest associates, Grover Norquist, who runs the nonprofit Americans for Tax Reform, and Ralph Reed, the former director of the Christian Coalition, ran a blistering campaign questioning Mr. McCain’s conservative credentials. The senator and his advisers blamed that attack for Mr. McCain’s loss to Mr. Bush in South Carolina, creating tensions that would resurface in the Abramoff matter.

Outros artigos sobre o tema, em particular um no Politico e outro no Daily Kos são mais directos na apreciação, especialmente o último, que refere ainda a actual proximidade de McCain com Reed e Norquist:

Eight years ago in 2000, McCain’s was on track to upset the status quo. He took on George W. Bush and the Republican machine. In the early primaries he showed that he had enough support and juice to win—if he wasn’t stopped. He was stopped. Jack Abramoff was key to that effort, as were his long-time pals and partners in crime Ralph Reed and Grover Norquist. They funded dirty tricks and went after McCain with a viciousness they usually reserved for Democrats. I could write a very long Diary about the many things these three Caballeros of the Right did to elect Bush and defeat McCain. Their actions and money were critical to Bush’s victory and John McCain knew it. Time passed. The Supreme Court installed Bush and the three Caballeros had access and power. January 2001 through January 2004 became the golden days for Reed, Norquist and Abramoff. They were at the height of their power. It seemed nothing could ever slow them down, but then the Washington Post ran a story about Jack ripping off his Native American clients—by more than $30 million dollars. That got some attention in Washington. One person who noticed was John McCain. He was the second ranking Republican on the Senate’s Indian Affairs Committee and would soon become the Chairman when Senator Ben Nighthorse Campbell retired. He quickly lined up an investigation. It was payback time.

O tempo verbal

Ao ler «Com esta revisão do código - a primeira em 25 anos - deixa de ser "falta deontológica grave" a prática do aborto, como o DN noticiou na edição de ontem. Apesar de a Ordem continuar a defender o "respeito pela vida humana desde o início", é deixada em aberta a interpretação das várias concepções sobre o início da vida. Esta alteração decorreu na sequência da nova lei da discriminalização do aborto com a qual o código colidia.» esfreguei os olhos e, em solilóquio, retorqui "Como? Colidia, assim, no passado?". Passo a explicar a minha dúvida.

Do artigo 47º do anterior Código Deontológico da Ordem dos Médicos constava o seguinte: "Artigo 47º (Princípio Geral) 1. O Médico deve guardar respeito pela vida humana desde o seu início. 2. Constituem falta deontológica grave quer a prática do aborto quer a prática da eutanásia. 3. Não é considerado Aborto, para efeitos do presente artigo, uma terapêutica imposta pela situação clínica da doente como único meio capaz de salvaguardar a sua vida e que possa ter como consequência a interrupção da gravidez, devendo sujeitar-se ao disposto no artigo seguinte. 4. Não é também considerada Eutanásia, para efeitos do presente artigo, a abstenção de qualquer terapêutica não iniciada, quando tal resulte de opção livre e consciente do doente ou do seu representante legal, salvo o disposto no artigo 37º, nº 1 do Código Deontológico" O actual Código, aprovado no dia 26 do corrente, diz a este respeito: "Artigo 55º (Princípio geral) O médico deve guardar respeito pela vida humana desde o momento do seu início. Artigo 56º (Interrupção da gravidez) O disposto no número anterior não impede a adopção de terapêutica que constitua o único meio capaz de preservar a vida da grávida ou resultar de terapêutica imprescindível instituída a fim de salvaguardar a sua vida." Como é que o renovado articulado deixa de estar em colisão com a lei? Onde é que o actual Artigo 55º é diferente do ponto 1 do antigo Artigo 47º? Qual a real importância da introdução da palavra "momento"? Não é que eu não estivesse à espera, em boa verdade Pedro Nunes já tinha avisado que o novo CD poderia "dizer o mesmo" embora "de uma forma diferente", acontece que passar a mensagem de que a coisa mudou é errado e estranho. Não entendo, mas o problema deve ser meu, de certezinha.

Acertar no totoloto à segunda feira?

The more Palin talks, the more we see that it may not be sexism but common sense that's causing the McCain campaign to treat her like a time bomb. Can we now admit the obvious? Sarah Palin is utterly unqualified to be vice president. She is a feisty, charismatic politician who has done some good things in Alaska. But she has never spent a day thinking about any important national or international issue, and this is a hell of a time to start (...) In these times, for John McCain to have chosen this person to be his running mate is fundamentally irresponsible. McCain says that he always puts country first. In this important case, it is simply not true. (Fareed Zakaria)

Tendo em conta as suas confrangedoras prestações televisivas e forma como a campanha de McCain tenta a 'esconder' Palin do escrutínio dos media, parece ser incontestável que a Governadora do Alaska é absolutamente incompetente para o cargo para que foi nomeada. E, por isso mesmo, o tal 'preconceito' e 'elitismo' são, e sempre foram, posições inteiramente legítimas face à personagem em causa. Podemos discordar, dizendo que tudo isto era absolutamente inesperado. Mas só acreditando em algo parecido com a teoria da 'pool de opiniões', defendida pelo João Miranda, é que podemos insistir na desvalorização da opinião inicial daqueles que sempre a criticaram (os tais histéricos). Eles não acertaram por acaso; eles sempre tiveram razão. E digo isto porque quem a criticou não aprendeu nada de novo. Depois de tudo isto, eles (e eu) limitaram-se a confirmar os seus 'preconceitos'. ps para o Luís M. Jorge: o tal arsenal filosófico que tentou legitimar o uso do termo 'provinciana' tem uma justificação muito simples. É que por trás de muito do que foi dito sobre o tema encontra-se toda uma epistemologia, que julga que classificar algo sendo um preconceito desqualifica automaticamente uma posição.

A trilogia dos elementos

Deepa Mehta nasceu no primeiro dia do ano 1950, quando assentava a poeira da separação da jóia da coroa britânica entre Índia e Paquistão, na cidade onde ocorreu um dos piores massacres da história do país, Amritsar, no Punjab. Depois de se formar em Filosofia pela Universidade de Delhi, aquela que é para mim o expoente máximo do cinema indiano, então com 23 anos de idade, radicou-se no Canadá, de onde nunca mais saiu. Este ano, Deepa lançou o polémico Heaven on Earth (Paraíso na Terra) que gravita em torno de um tema sensível mas não assumido da realidade indiana: a violência doméstica. Mas Deepa Mehta evoca principalmente a trilogia dos elementos que a projectou no cenário internacional cinematográfico: Fire (1996), Earth (1998) e Water (2005).

A filmagem da Água, que se centra em Chuyia, uma criança de oito anos que fica viúva no próprio dia do casamento, foi adiada depois de um grupo de fundamentalistas hindus ter destruído por completo o cenário onde a realizadora estava a filmar. Deepa Mehta recriou a cidade de Varanasi e o rio Ganjes no Sri Lanka onde o filme foi finalmente realizado. De facto, esta trilogia provocou fortes reacções dos radicais hindus que queimaram efígies de Deepa Mehta em protesto pelo facto de os filmes não terem sido censurados. Aliás, em relação à polémica indiana com o Código de Da Vinci, o Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS, Corpo nacional dos voluntários), aproveitou os protestos católicos que exigiam a proibição do filme - que supostamente apoiava -, para criticar não só a laicidade do estado como o que considera ser o tratamento preferencial concedido a uma religião ultra-minoritária na Índia, nomeadamente no que ao cinema diz respeito. O RSS, que nasceu por volta de 1925 como vanguarda ideológica do partido hindu, o Hindu Mahasabha criado em 1919 por Veer Savarkar - hoje em dia substituído pelo Bharatiya Janata Party ou BJP, o «Partido do povo indiano» -, prega um nacionalismo sob o slogan «uma nação, uma cultura, uma religião». Voltando a Deepa, todos os filmes da trilogia são obras de rara beleza, e tenho alguma dificuldade em decidir se gosto mais da Água ou da Terra. A história desta Terra decorre em 1947, o ano da independência. Os ingleses saem da jóia deixando para trás a semente do conflito entre hindus e muçulmanos que culminaria com 2 milhões de mortos e o maior e mais terrível movimento de populações da história. A Terra mostra a tragédia através dos olhos de um grupo de amigos em Lahore, na altura indiano agora paquistanês, que assistem à eclosão das guerras religiosas que não mais deixaram esta zona do globo e cuja expressão mais mediática se centra na violência entre hindus e muçulmanos, especialmente na Caxemira de Salman Rushdie. Fora das atenções mediáticas, pelo menos entre nós, outros embates religiosos (ou conflitos de poder disfarçados) nasceram longe da fronteira paquistanesa e envolvem conflitos entre hindús e cristãos, por exemplo em Tamil Nadu:

THE 1980s saw some turbulent developments in Tamil Nadu. The first signs of communal tension appeared in the form of clashes between Hindus and Christians over temple festivals in Kanyakumari district. The conversion of a substantial number of Dalits to Islam in Tirunelveli district received countrywide attention. Hindu communal organisations such as the Hindu Munnani, the Tamil Nadu Temples Protection Committee, and the Vishwa Hindu Parishad made their appearance and slowly began to increase their base in the southern districts. On the pretext of countering "conversion activities by alien religions", seeds of discord were sought to be sown in a State which until then had not experienced any major communal disturbance. The series of "Hindu resurgence" meetings organised by these organisations reportedly had the blessings of Jayendra Saraswathi.

Como nota de curiosidade, o líder religioso que lançou as sementes da discórdia neste estado, Sri Jayendra Saraswathi, foi acusado em 2004 e depois em 2006 de ter assassinado um antigo contabilista do templo que dirige, causando grandes distúrbios no sul da Índia. O caso arrasta-se até hoje e será curioso ver o seu desfecho. Mas se é possível traçar a génese dos embates religiosos em Tamil Nadu, noutros locais estes antecedem 1947. Mais concretamente em Orissa, que foi a primeira província da Índia independente a legislar sobre conversões entre religiões. Os Freedom of Religion Acts de Orissa, posteriormente emulados em outros estados, alguns num passado recente, estipulam que ninguém pode «convert or attempt to convert, either directly or otherwise, any person from one religious faith to another by the use of force or by inducement or by any fraudulent means». Estes Actos estão na origem dos confrontos religiosos que recrudesceram nos últimos tempos naquela que é uma das zonas mais pobres da Índia, com 70% dos habitantes vivendo abaixo do limiar de pobreza. O tema é abordado numa entrada na Wikipedia muito disputada (e, consequentemente, muito boa para já e que promete ficar melhor) que traça as raízes históricas do problema e se centra em dois pontos: a violência no Natal de 2007 e a que explodiu em Agosto passado e que ontem o governo de Orissa, na voz do seu ministro Naveen Patnaik, assegurava estar sob controle. Este último surto de violência foi despoletado pelo assassínio em 23 de Agosto do lider religioso (e político) Swami Laxmana Nanda Saraswati e quatro dos seus associados do Vishwa Hindu Parishad (Conselho Mundial Hindu ou VHP), o braço espiritual do nacionalismo hindu. Embora existam dúvidas sobre a autoria dos atentados, o VHP atribuiu-os a retaliação dos cristãos locais em relação à campanha de Saraswati contra a conversão forçada ao cristianismo . Em 24 de Setembro, de acordo com o All India Christian Council (AICC), a onda de violência que alastrou de Kandhamal afectou pelo menos 50 000 pessoas de 300 aldeias. Cerca de 4000 casas e 115 igrejas foram queimadas e há 45 mortos cristãos confirmados e 5 desaparecidos. No início de Setembro, o New York Times foi ao cerne do conflito, francamente mais complicado que simples confrontos religiosos e que passa pelo sistema de castas, pelo tribalismo e pela pobreza do distrito de Kandhamal, onde há cerca de 20% de cristãos que pertencem maioritariamente aos intocavéis Paana.

Non-Christians have long resented the conversions — the most recent Indian census, in 2001, states that 2.3 percent of the population is Christian — but tensions have increased as India’s economy has taken off. Christian missionaries in India have focused on indigenous and lower-caste groups, including untouchables, or Dalits. Despite laws dating almost from Indian independence, Dalits are often discriminated against or worse. They are sometimes denied basic amenities, such as clean water; relegated to hazardous jobs; and raped or killed because of their social status. Conversion to Islam or Christianity does not erase caste identity, but Christianity and other non-Hindu religions offer a possible escape by providing schooling for anyone who wants to attend, including Dalits. Christian education often includes classes in English, which are crucial for anyone who wants to join India’s service businesses or to break into even the lowest levels of the information technology industry fueling much of India’s growth.

Em 27 de Agosto, a CNN-IBN juntou no Face The Nation Ram Madhav, porta-voz do RSS, o reverendo Richard Howell, secretário-geral da Evangelical Fellowship of India e Manoranjan Mohanty, do Council for Social Development. Vale a pena ver as três partes de um programa muito interessante, que de facto nos permite apreciar três faces de uma mesma nação. Estes conflitos que prosseguem em Orissa e províncias circundantes têm sido descritos como uma perseguição aos cristãos em títulos como «Índia: violência contra cristãos continua». Mas na realidade, esta violência que agora opõe cristãos e hindus e mais frequentemente envolve estes últimos e muçulmanos é apenas um sinal exterior de um «mal» mais profundo que tem a ver com a própria organização da sociedade indiana. Entre outros factores, a Índia embora laica no papel não o é de facto na prática, como ilustra a existência de códigos civis diferentes para as diferentes comunidades religiosas. A perigosa mistura de religião e política exponenciada por seis anos no governo do BJP, que levantou muitas interrogações sobre os limites do secularismo neste país, ajuda a perceber os frequentes embates inter-religiosos. A trilogia dos elementos de Deepa Mehta assenta num elemento em falta, a religião e sua reflexão na sociedade. Os pais da independência tentaram criar um Estado laico, que abolisse as diferenças de castas e de religião. Não o conseguiram logo na sua incepção e os militantes muçulmanos preferiram criar seu próprio país, o Paquistão. Também não custa lembrar que o assassino de Mahatma Gandhi (não muito consensual entre, por exemplo, os sikh) pertencia ao núcleo mais fanático do RSS (o chamado Hindu Rashtra Dal) ou que Indira Gandhi foi morta por guarda-costas sikh que pretendiam vingar a invasão do Templo Dourado de Amritsar. Nesta delicada e complexa trama de relações entre ideologia, relações sociais, política e religião, cresceu uma Índia de contrastes em que é difícil distinguir o que é militância religiosa do que são «cavalos de batalha» para marcar pontos (ou pontes) políticos.

Tomba gigantes


Isto é futebol. Faz-me lembrar a derrota do Sporting em Paços de Ferreira por 4-0, aqui há uns anos. Equipas pequenas que, contra os grandes, se transfiguram - em que cada um são dois. Tudo aponta para que a equipa cujo símbolo é um pardal consiga mesmo o acesso directo à UEFA, sem passar pela intertoto. Imagino o imenso orgulho da agremiação rosa que, em altura imberbe do campeonato, está a um ponto do líder.

Ehehe, não resisto à cabrice

O Henrique Raposo escreve sobre o episódio ERC no Expresso de hoje. Concordo com ele, "um organismo como a ERC não pode existir na orgânica de uma sociedade livre". Entretanto, ao ler o pedaço de texto que passo a transcrever - "Numa democracia normal, este assunto teria gerado polémica e discussão. Mas Portugal não é uma democracia como as outras. Durante a semana, a elite portuguesa entregou-se a uma sofreguidão histérica em redor de Wall Street e de Sarah Palin. O Partido Republicano e o capitalismo americano, reza a lenda lusitana, são uma ameaça à liberdade." - não pude deixar de me lembrar que, no Expresso da Meia-Noite de ontem, o Rui Tavares, o Francisco Sarsfield Cabral, o Miguel Monjardino e o...  Henrique Raposo discutiam os "amaricanos".

Ardinices

Um acrescento pessoal à série "Ardina" do Rogério. Algo de muito estranho se passa com alguns jornalistas portugueses. A reprodução, pelo Público, de uma notícia da Lusa deixou-me a olhar intrigada para o monitor durante uns quantos minutos: «O novo documento[código deontológico](...) estabelece que a interrupção da gravidez pode ser praticada desde que não impeça "a adopção de terapêutica que constitua o único meio de preservar a vida da grávida ou resultar de terapêutica instituída a fim de salvaguardar a sua vida."» "Que raio?", pensei eu, "Em que casos é que uma interrupção da gravidez impede a adopção de terapêutica que constitua o único meio de preservar a vida da grávida? E isto quer dizer que desde que não impeça - numa muito bizarra patologia, decerto - o código admite perfeitamente a interrupção da gravidez?". Vai-se ao Código Deontológico e o que se lê? (as minhas objecções a este Código não são para aqui chamadas) "Artigo 55º (Princípio geral) O médico deve guardar respeito pela vida humana desde o momento do seu início. Artigo 56º (Interrupção da gravidez) O disposto no número anterior não impede a adopção de terapêutica que constitua o único meio capaz de preservar a vida da grávida ou resultar de terapêutica imprescindível instituída a fim de salvaguardar a sua vida." Impressão minha ou o jornalista que redigiu a notícia não deve ter tido bem consciência do que escreveu? Ou então dedicou-se a um exercício de grande liberdade interpretativa da coisa. Ou então, hipótese mais provável, é burro - sorry mas há verdades que têm que ser ditas -  e não sabe ler.

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