Greg Mankiw publicou este gráfico no seu blogue, acrescentando-lhe o seguinte comentário: "This graph is a good example of omitted variable bias, a statistical issue discussed in Chapter 2 of my favorite textbook. The key omitted variable here is parents' IQ. Smart parents make more money and pass those good genes on to their offspring."
Por outras palavras, Mankiw, autor dos manuais de economia mais usados em todo o mundo, acha que a distribuição dos rendimentos reflecte com grande rigor a capacidade intelectual dos seus detentores, e que estes os passam aos seus filhos através dos seus genes, razão pela qual estes terão melhor desempenho escolar e, mais uma vez, melhor sucesso profissional.
Para Mankiw, se alguém é pobre isso explica-se por alguma espécie de deficiência intelectual que inevitavelmente legará à sua prole.
Ora, mesmo que se acredite que a distribuição das pessoas pelas classes sociais se faz essencialmente com base no mérito, o mérito não se reduz - muito longe disso - à inteligência. Acresce ser extremamente duvidoso que a inteligência, no sentido vasto e vago em que aqui a expressão é utilizada, se transmita através dos genes.
Eu não posso deixar de felicitar Mankiw pela sua franqueza. Não há muita gente à direita capaz de afirmar publicamente com todas as letras a sua preferência por uma sociedade de castas.
Alguma confusão noticiosa sobre o que disse ontem no Campus da JS em Santa Cruz. A propósito de questões de igualdade defendi dois pontos. O primeiro sobre como compete à geração mais jovem ultrapassar a cisão revolução/democracia liberal que herdámos do período revolucionário de 74-75 e da "normalização" do 25 de Novembro. O segundo sobre como compete à geração mais jovem integrar a sério as questões de combate à desigualdade socio-económica e as questões de combate à desigualdade de base identitária - ultrapassando assim quer o primado da primeira em muitas teorias de esquerda e o primado das segundas no modelo norte-americano que tende a globalizar-se. A propósito disto quis deixar bem claro que as questões de igualdade identitária, nomeadamente LGBT, não podem ser vistas como propriedade da esquerda mais radical - que as introduciu de modo mais visível em Portugal (ao contrário de outros países). Elas devem ser parte de sectores mais alargados, peocupados com a democracia, os direitos humanos e a dignidade. Ainda bem - e digo-o sem qualquer problema e até com um bocadinho de orgulho pelo que fiz por isso - que o Bloco de Esquerda assumiu as questões de igualdade para lá da socio-económica. Esse facto jogou um papel crucial na divulgação do assunto na política portuguesa - papel que, aliás, também a JS jogou. Mas não pode ficar propriedade de nenhum partido nem ser necessariamente associado a um partido. Até porque, em última instância, a força reivindicativa reside nos movimentos sociais e associações que agregam as pessoas que directamente sofrem com as discriminações.
Reduzir isto a uma questão politiqueira entre o PS e o BE é coisa que não me interessa nem motiva. Até porque bem mais importante é denunciar o projecto reaccionário do PSD neste campo. (publicado 1º no Simplex).
Hum, humorístico é mesmo o único qualificativo possível para este texto, de Gonçalo Portocarrero de Allmada, publicado hoje no Público. Só ainda não entendi porque não constou da edição de anteontem do Inimigo Público, o seu verdadeiro lugar.
ou seja, das duas uma: ou o presidente da república acusa o jornal público de ter forjado a história para favorecer 'esses' que desejam afastar as atenções, ou acusa um ou mais dos seus assessores de estarem a fazer isso mesmo.
como não há notícia de qualquer mudança no pessoal da presidência, temos de concluir que cavaco está a acusar o público de favorecer quem gostaria de desviar as atenções desses problemas. como quem poderia desejar o desviar das atenções desses problemas só poderia, por exclusão de partes -- temos a oposição toda aos gritos a dizer que esses problemas são os maiores do mundo e arredores, portanto não poderá ser suspeita de não querer que se fale deles --, ser o governo, então cavaco está não só a acusar o governo de querer esconder esses problemas (o que é muito coerente com a sua afirmação de estar 'acima dos partidos políticos' e de superioridade em relação à luta partidária e sobretudo muito leal e límpido pela forma como é feito), como a dizer que o público está a ajudar o governo nesse desidério.
«Oh, boa noite, Guilhermina, era mesmo de ti que eu andava à procura! Sou um feiticeiro da floresta. Adormeci debaixo de uma bétula numa noite de lua cheia e fiquei aluado[eapanheiténias. No cu!]. Desde então, adormeço várias vezes por dia, mas nunca mais do que uns minutos. Só um dos teus beijos me poderá libertar desta maldição.»
[in "52 histórias para todas as noites de Domingo"]
Logo na sua prioridade máxima, a economia, podemos ler no programa do PSD um ponto 15 referente a energia. Este ponto, tirando as políticas energéticas do actual governo que prometem continuar (estas aparentemente não rasgam nem repudiam), é um conjunto vazio de propostas em que se debitam uma série de termos que estão no ouvido do eleitorado, alguns em sintaxes que me deixam perplexa, outros, como os biocombustíveis, que espero sinceramente sejam apenas buzz words lançadas inconsequentemente.
Tal como no resto do programa, parece-me no entanto que o PSD, por uma razão que não percebo nem vem inscrita em nenhum lado, considera que o facto de ser governo seria q.b. para que os cidadãos, e em particular as empresas privadas, alterassem drasticamente os comportamentos. Por isso, considera não ser necessário apresentar qualquer proposta nem linha de acção concretas num programa que assume que o futuro do país assenta exclusivamente na mão da iniciativa privada que, num passe de mágica, só porque o PSD é governo, vai fazer milagres por motu proprio.
Mais um extracto da entrevista de Louçã ao Jornal de Negócios de 4ª feira:
P - Esta "desprivatização" da Galp e EDP seria um confisco ou uma compra?
R - Há várias formas possíveis. De Gaulle nacionalizou sem indeminização.
Reparem na subtileza. Se algo grave suceder, o responsável terá sido De Gaulle, não Louçã. (Poderia ter lembrado Vasco Gonçalves, mas, no momento, só lhe ocorreu De Gaulle.) Louçã não se pronuncia directamente pelo confisco: "há várias formas possíveis", constata o homem de ciência. Mas, se até o reaccionário do De Gaulle confiscou...
Não é o veto de Cavaco à lei da união de facto que me interessa agora mas sim a mensagem que esconde o discurso de alguns dos que o aplaudiram. Volto a Maria José Nogueira Pinto (que começa a tornar-se a minha musa de eleição, está visto). Reparem neste período da crónica que escreveu no DN há 2 dias:
Depreende-se das palavras da senhora que "família" existe quando existem conjuges e mai' nada. Uma reciclagenzita sociológica para estas pessoas não se arranjará?
Porque, como diz a publicidade da SPA, "As mulheres não chegam sempres atrasadas, há é homens que chegam sempre adiantados". E porque não o quero ver tristinho vou ali fazer a encomenda.