não querendo incomodar
estou boquiaberta com o facto de um homem com pulseira electrónica que era suposta servir para não se aproximar da ex mulher ter ido ao encontro desta munido de caçadeira para a matar -- e matando a mãe dela e uma tia, ferindo a ex mulher e a filha, que terá conseguido salvar a mãe pondo-se à sua frente.
a pulseira electrónica serve para que, finalmente? é que não é a primeira vez que uma coisa destas sucede -- só este ano é mesmo a segunda. dizia, a propósito de outro caso ocorrido em março, a direcção-geral de reinserção e serviços prisionaisque que esse seria 'o único caso em que um agressor vigiado com pulseira electrónica tentou matar a ex-companheira.' mas reconhecia as limitações: 'do alerta até que a polícia chegue ao local demora tempo e muito pode acontecer nesse intervalo.' pois parece que muita coisa mesmo. inclusive matar duas pessoas e ferir outras duas e pôr-se em fuga -- até agora.
portanto, das duas uma: ou a pulseira electrónica da pessoa em questão está estragada (de outra forma deveria servir para o localizar) ou ele, como se lê hoje no dn (versão papel), a cortou antes de cometer os crimes. mas se a cortou isso não deveria ter determinado a sua imediata detenção?
percebo que haja um tempo de resposta, mas só pode ser o razoável. das duas uma: ou a pulseira serve para evitar precisamente estes crimes que visa evitar ou não serve para nada e é preciso tomar outras medidas. é completamente inaceitável que se dê às vítimas a noção de que estão em segurança pela existência de uma medida de coacção que como se constata nada impede -- e parece-me óbvio que neste caso, como noutros, o estado português deve ser responsabilizado por não ter, como lhe competia, assegurado que um agressor identificado e submetido a uma medida restritiva estava realmente restringido na sua liberdade de matar.
e confesso que gostava de ver um pouco mais de indignação perante isto.