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jugular

ó pá, ó pá, ó pá

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Jura o meu amigo JG que isto consta da página 71 do programa eleitoral da coligação PàF. Como ele diz, "Um email disponível 24h (deduzimos que seja por dia). Ao contrário dos outros que fecham para almoço. Estão a gozar com isto tudo.".

 

cabecinhas confusas

Lê-se no programa eleitoral do CHaF (Chega-te à Frente), capítulo "Igualdade de Género": "Combater todas as formas de discriminação de género, nomeadamente através de ações de sensibilização e prevenção do bulling [sic] homofóbico entre jovens." (pág. 136).

A pressa em meter-se em bicos dos pés dá nisto. Numa simples frase está condensada a confusão sobre temas que, concluo, devem ter ocupado entre 5 a 6 segundos os neurónios de quem o redigiu o documento:

1. não sabem bem o que é género (a acrescentar à ignorância sobre o conceito de igualdade, já sobejamente conhecida), devem achar que é algo mais ou menos assim tipo coiso; 2. não sabem bem o que é bullying (pela grafia utilizada, deduzo que julguem ser uma coisa relacionada com touros, talvez sinónimo de "marrada"); 3. não sabem bem o que é homofobia (calculo que pensem que terá a ver com "medo dos homens", já que se trata de um capítulo sobre género); 4. idem, versão juvenil (não há homofobia entre adultos, pensarão); 5. propõem-se combater A(lhos) através de B(ugalhos). Sintomático. Imagino o resto.

Emigrantes e participação cívica, uma maratona cheia de obstáculos

Recenseamento de cidadãos portugueses que vivem fora do país é tudo menos simples. Não só obriga a deslocações aos consulados - frequentemente a umas quantas centenas de quilómetros da residência - como, chegados lá, deparam-se com informações erradas que irão ter como consequência a impossibilidade de poder votar nas próximas legislativas. Leia-se, por exemplo, esta notícia de ontem no DN. Ontem também, e usando como mote um mail do Jorge Pinto, o David escreveu, no 365 Forte, um post sobre esta temática partindo da epopeia do Luís Valente, emigrante na Alemanha. Esta epopeia teve hoje o seu epílogo, dou a palavra ao protagonista: 

 

Emigrei. Passado tempo suficiente para ter certezas que quero ficar na Alemanha por agora e após ter uma residência mais permanente decidi mudar a morada oficial para a Alemanha. Tudo correu bem na Conservatória de Oeiras: passado umas semanas, já na Alemanha, recebo a devida carta (é enviada pelos serviços para confirmar que realmente lá moro). Na vez seguinte que me desloquei a Portugal confirmei a mudança de morada, já com a dita carta. Até aqui tudo bem.

 

Perguntei como se procedia em relação ao recenseamento e foi-me dito que “achavam” que era automático, mesmo quando a mudança ocorria para fora do país. Fui ler (uma parte) da lei: não é. Assumi que, uma vez que o registo não era alterado automaticamente, que iria manter-me recenseado em Portugal e que por enquanto podia ir lá votar.

 

Este fim de semana lembrei-me de confirmar online o meu recenseamento (https://www.recenseamento.mai.gov.pt/). O meu registo tinha desaparecido sem qualquer aviso! Não estava nem na minha freguesia anterior nem no Consulado de Estugarda...

Percebi então que tinha de me recensear novamente e com urgência, pelo que liguei para o Consulado onde me informaram que tinha mesmo de me deslocar a Estugarda.

 

Acabei por me conseguir recensear hoje após 120km de comboio (outro tanto para regressar), uma manhã inteira e alguma sorte. Por duas vezes me chamaram e me disseram "já não vai a tempo, as eleições são já em breve", ao que respondi que estavam erradas. Admitiram, um bocado embaraçadas, que se enganaram a contar os 60 dias legalmente previstos até à data das eleições nos  quais o recenseamento não pode ser feito (acredito que tenha sido mesmo apenas lapso – que, no entanto, não devia acontecer).

 

Tive então de esperar duas horas desde que fui atendido pela primeira vez. Isto porque a única pessoa que sabia como escrever o documento que necessito para ser candidato pelo LIVRE/TdA (além do recenseamento preciso de uma certidão muito simples para esse efeito) era um senhor reformado (muito prestável e aparentemente muito competente), que vai lá ajudar (!) todos os dias das 11 às 15 horas. Quando perguntei a uma das funcionárias o que fariam se ele lá não estivesse foi-me respondido: "não sei, talvez tivesse de lhe pedir para ir a Dusseldorf" (400 km de Estugarda)...

 

Não está em causa a dedicação ou profissionalismo de funcionários ou do Cônsul, não tenho informações suficientes para avaliar isso. De facto, durante o tempo que lá estive o consulado até me pareceu bem organizado e focado no atendimento, que foi inevitavelmente lento: pelo que me disseram, os funcionários que vão saindo não são substituídos por novos. Para agravar a situação o Consulado de Frankfurt fechou em 2011. Assim, em Estugarda concentra-se muita gente a recorrer aos serviços que dependem de apenas 3 funcionários.

 

Não sei se todos estes muros que descrevi são propositados ou fruto de negligências sucessivas. Sei que tenho a sorte de poder optar por gastar o tempo e o dinheiro a que me obrigaram para ultrapassar estes obstáculos. E novo obstáculo virá em Janeiro, quando terei de fazer novos 120 km para cada lado para votar nas Presidenciais - o voto por correspondência não está previsto nem para as Presidenciais nem para as Europeias.

 

O nosso atual Presidente da República menciona com regularidade a importância da diáspora e como Portugal deve “aproveitá-la” (http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=3602398). Pois bem, a diáspora não é apenas influência nem as remessas. As dificuldades desnecessárias que o próprio país de origem coloca no caminho de quem sai, na maioria das vezes por necessidade, são inaceitáveis e demonstram o desfasamento entre as palavras bonitas (a importância de manter ligação às comunidades) e a realidade (em que tudo é feito para dificultar o acesso do cidadãos portugueses residentes no estrangeiro aos seus direitos enquanto eleitores ou candidatos a serem eleitos).

 

Luís Valente

 

 

Vamos ver se é desta

Acabou de ser publicado o DL 136/2015, cujo número 2 do Artigo 31º diz "A existência de comorbilidade de foro mental ou a deficiência mental não são fatores de exclusão para admissão nas tipologias de resposta da Rede*  que se afigurem mais adequadas às necessidades de reabilitação motora ou outras ações que possam ser prestadas na Rede." (sublinhados meus). Está feita alguma justiça e, espero, será uma esperança de resposta para situações deste tipo, pelo menos a médio prazo. 

 

*Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados

Tanta coisa por fazer, tanta.

Sou cabeça de lista do Livre/Tempo de Avançar por Beja, distrito onde existem mais duas mulheres cabeças de lista, Mariana Aiveca pelo BE e Nilza Sena pela PAF. Deixo-vos um comentário ao facto lido na caixa de comentários de um blog local que acompanho, o Alvitrando:

Vai ser uma luta assanhada entre três cabeças de lista, disputando o eleitorado masculino...

Anónimo a 27 de Julho de 2015 às 15:54
 
Sem mais comentários.

Contributo para uma discussão sobre Saúde Mental.

Nunca é demais discutir a Saúde Mental no país. Por isso mesmo enviei o presente texto no decorrer da semana que agora termina para a jornalista Bárbara Reis, directora do jornal Público, a propósito da peça jornalistica "Homem com graves perturbações mentais causa alarme em Beja"

 

 

Exma. Sra. Directora

Dra. Bárbara Reis
 
Dirijo-me a si na qualidade de directora do Serviço de Psiquiatria da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) a propósito da peça jornalística "Homem com graves perturbações mentais causa alarme em Beja", que o seu jornal deu à estampa no passado domingo.
 
Antes mais agradeço ao Público ter levantado, através de um exemplo bejense, a possibilidade de se discutirem alguns aspectos de primordial importância para a Saúde Mental nacional, nomeadamente a imperiosa necessidade de avançar com os Cuidados Continuados Integrados para doentes psiquiátricos, a necessidade de se rever a Lei de Saúde Mental passados estes 15 anos, em particular no que respeita ao articulado sobre "tratamento compulsivo", e a possibilidade de alguns esclarecimentos públicos sobre internamentos psiquiátricos agudos e aplicação das determinações legais sobre internamento compulsivo.
 
Vou aqui deixar dois ou três apontamentos que, se assim o entenderem, até poderão servir de mote para um trabalho jornalístico de fundo e mais sustentado.
 
Começando pelo fim. Esclarecer o jornalista Carlos Dias que está errado quando escreve  "Nem a intervenção do juiz da Comarca de Beja, ao determinar o seu “internamento compulsivo” no final de Abril, surtiu efeito". De facto, e de acordo com a lei, o juiz não "determina" o internamento compulsivo de ninguém através de uma urgência hospitalar, determina sim a condução de alguém a essa urgência de modo a ser avaliado por um psiquiatra que aferirá da existência ou não dos requisitos clínicos - sublinho, clínicos - que tornem possível a aplicação da Lei de Saúde Mental. Importa também referir que no espírito da actual lei está subjacente a oportunidade de internar alguém para controlo de uma situação aguda que ponha em risco o próprio ou terceiros, isto é, um internamento compulsivo não é uma prisão, nem uma solução, de longa duração. O que aconteceu neste caso, e bem do meu ponto de vista, foi que a psiquiatra que observou o senhor na urgência no dia 4 de junho decidiu no sentido de não se encontrarem reunidos os requisitos legais para internamento compulsivo de urgência. Aliás, de acordo com a notícia o mandato de condução é de abril e o doente é conduzido à urgência em junho, este simples facto permite perceber que de "urgente" em termos médicos psiquiátricos o assunto tem zero. 
 
Facilmente se percebe pela história que é contada no texto que estamos perante um caso de patologia crónica e residual, com muitos e graves problemas sociais à mistura, e que necessita de uma solução continuada. Falamos, em última análise, de um sujeito que, como tantos outros por esse país fora, precisa da acção de estruturas secundárias de retaguarda, com valência clínica e, sobretudo, social. Os "crónicos", como são chamados na gíria, nunca deixarão de existir e é por isso absolutamente imprescindível avançar para a aplicação no terreno dos cuidados continuados integrados para doentes psiquiátricos - parados em Beja e em todo o país. A este propósito quero dizer, aliás, que aguardo com expectativa a falada abertura de uma estrutura com capacidade para responder às necessidades de 12 pessoas na cidade de Beja - a seguir à abertura, em abril último, do internamento psiquiátrico de agudos no único distrito nacional que não o tinha é o propósito mais imediato de todos aqueles que se preocupam e lutam pela melhoria da Saúde Mental no Baixo Alentejo.
 
Por último, relembrar que a possibilidade de um "tratamento ambulatório compulsivo" não pode ser determinado clinicamente sem que antes tenha havido um internamento agudo. Urge que esta situação seja revista em termos legais, pensamos nós, de outro modo estaremos a perverter e a fazer uma má aplicação do actual articulado e não temos estratégias legais que nos permitam actuar.
 
Obrigada pela atenção dispensada, fico ao dispor para qualquer esclarecimento que esteja ao meu alcance prestar e despeço-me enviando cumprimentos.
Ana Matos Pires

 

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