o 'caso' abrantes
o título é roubado ao eduardo pitta, a propósito do tema sobre o qual escreveu este post e que faz há dias (semanas?) matéria de galhardetes sortidos. o miguel abrantes que escreve no câmara corporativa, dizem uns tantos bloggers, não é um mas vários, e todos 'assessores' do governo 'pagos com os nossos impostos'. uma pessoa lê e pergunta-se: assessores, pagos 'com os nossos impostos', para fazer um blogue? um blogue que tem o quê, 1500 leitores/dia? e pagava-se um ordenado para isto? enfim, é bizarro (e quanto pagam, a ver se vale a pena?). mas quem escreveu e disse deve saber do que fala.
ainda por cima, quem escreveu e disse tem função de jornalista, deve ter como princípio não dizer certas coisas a não ser que possa prová-las (não que escrever num blogue seja o mesmo que escrever num jornal, mas os princípios em princípio não mudam de um meio para o outro, certo? e se se faz uma acusação destas num blogue sem qualquer fundamento a não ser um espírito santo de orelha qualquer ou um deliberado objectivo de mistificar, que se fará num jornal?), pelo que a malta esperava a revelação das provas e a identificação dos 'assessores' no diário da república e já agora a folhinha de pagamento. mas passam os dias e nada, nada. e uma pessoa é obrigada a concluir que quem acusou não tem como provar. vai-se a ver e quem acusou inventou. e vai daí a gente questiona-se: e inventou porquê? com que fim? para servir que objectivo? nestas coisas das acusações nojentas, uma pessoa pode até dar com ela a virar as coisas ao contrário. e pensar que quem inventa uma venalidade destas sobre alguém que não conhece deve achar estas coisas normais. talvez conviva com elas ou saiba de quem convive. enfim, uma pessoa pode pôr muitas hipóteses -- até pode pôr a hipótese de que é dinheiro muito mais bem empregue pagar a um jornalista que a um blogger. mas isto tudo no domínio das suposições, certo? isto é a malta a pensar. e a tentar perceber de onde é que isto veio tudo -- nomeadamente esta mania um bocado insuportável de andar sempre a acusar toda a gente de andar a escrever 'por encomenda'. podíamos pura e simplesmente achar que cada um diz o que pensa e que se por acaso pensa que um determinado governo está a fazer não sei o quê bem, escreve isso sem ser preciso pagar-lhe ou contratá-lo para o efeito. é que partir do princípio de que toda a gente está contra os governos e que só escreve ou diz bem deles por um preço é um bocado estúpido, não? eu por exemplo até conheço gente, incluindo jornalistas, que achavam bem o governo de santana lopes. muito bem mesmo, a ponto de acharem mal que outros jornalistas achassem mal e escrevessem o que achavam. isto parece incrível, mas há coisas assim. há pessoas que acham que devem controlar o que os outros dizem. nos jornais e nos blogues -- assim lhes dessem poder para tanto, e vêr-se-ia (outra vez?). lidam mal com a diferença de opiniões e com a liberdade, a tal liberdade com que enchem a boca e os posts. até descobriram uma palavra, 'situacionista'. as situações mudam -- é assim a democracia. veremos que sucede a alguns dos tão inflamados anti-situacionistas quando a situação mudar. enfim, como se não soubéssemos. para finalizar: eu, como a maioria das pessoas que escreveu no blogue sim no referendo, conheço o miguel abrantes. vi-o, jantei com ele, sei onde trabalha. e sei que não é assessor do governo. mas, sendo as coisas e as acusações o que são, este meu affidavit não deve servir de muito ao miguel abrantes (nem a mim, for that matter). paciência -- é a verdade.