5 notas para comparação
O Adolfo Mesquita Nunes apresenta aqui 5 notas sobre a sua visão da comunicação do Primeiro-Ministro. Gostaria de apresentar a minha versão, para comparação:
1. O limite dos juros admissíveis - 7% - referido por Teixeira dos Santos teve sempre como pano de fundo os juros previsíveis de um plano de salvação, que se estimam ser ainda maiores (ver aqui, por ex). Por isso, ultrapassar os 7% mas conseguir evitar a ajuda externa pareceu ser um bom plano, até à rejeição do PEC IV, limitação da possibilidade de financiamento da banca e aumento intolerável dos juros;
2. O PEC IV era a última das soluções do Governo para enfrentar a crise e evitar a ajuda externa, que se estima ser uma alternativa bem pior. E é a última porque é necessária - há que apresentá-la formalmente - e porque a realidade, mesmo quando previsível, é mutável. Note-se, aliás, que todas as instituições europeias e os mercados reagiram bem ao PEC IV;
3. A crise política diminuiu a capacidade do Governo reagir à crise por uma questão simples: os mercados estão sustentados na confiança e confiam menos num Governo demissionário e que não consegue aprovar medidas de austeridade que podem assegurar o cumprimento de obrigações do Estado. E mesmo concedendo que o Governo poderia ter reagido mais cedo, este é apenas um elemento entre vários, todos eles externos, não provocados pelo Governo e a que o Governo tem que acorrer. Quanto menor o apoio da oposição e a legitimidade do Governo, pior;
4. O Primeiro-Ministro prosseguiu, durante um período, uma política de investimento público como forma de fomentar o crescimento da economia, à semelhança de vários outros países e até, num dado momento, da própria União Europeia. Acresce que acorreu ainda a salvar o sistema financeiro português, que, dada a origem da crise - no sistema financeiro - foi a resposta imediata de praticamente todos os países. Isso explica parte do endividamento público. Mas não explica o endividamento privado, questão que é sistematicamente branqueada quando se acusa o Governo;
5. O recurso à ajuda externa foi precedido da ponderação de todas as alternativas: o PEC IV e omissão de todas as outras. Dado o chumbo do PEC IV e a ausência de alternativas comunistas, bloquistas, sociais-democratas e democratas-cristãs em breve conheceremos a alternativa FEEF, como a Oposição parece ter querido.