American Taliban with Christian frosting - III
Aquando do assassinato de George Tiller, uma série de fazedores da opinião dos religious right veio a campo defender o terrorista cristão que o matou. A culpa, ulularam, não era do assassino mas sim dos execráveis esquerdistas que se recusavam a reconhecer a «verdade biblíca» criminalizando o aborto e executando todo o pessoal médico que alguma vez colaborou num aborto desde Roe vs Wade. Ao não o fazerem, não deixavam aos anti-escolha, uns "pacifistas" justamente indignados com o estado da nação, outra solução que não a violência.
Os atentados noruegueses foram analisados de forma análoga aos microfones do RadioDerb no National Review podcast por John Derbyshire, um fazedor de opinião da direita americana que se tem distinguido pelos seus comentários racistas e sexistas (afirmando, por exemplo, que o mundo seria muito melhor se se retirasse o direito de voto às mulheres). Para Derbyshire, o manifesto da supremacia cristã de Breivik, que o cita, constata o óbvio: "The upshot of the manifesto is that Breivik thinks European civilization is under threat of being swamped by Muslims and other incompatibles. A great many people think that, including me and a lot of my friends and colleagues."
Assim, parece que a extrema-direita americana, pelo menos parte dela, já recuperou do estado de negação para apontar os verdadeiros culpados dos atentados terroristas em Oslo: os multiculturalistas de esquerda que não deixaram outra alternativa aos instintos do assassino, perfeitamente razoáveis e normais, quiçá mesmo desejáveis. Mais concretamente, afirmou que os verdadeiros culpados são os "left multiculturalists, that leaves no lawful outlet for perfectly reasonable and normal instincts of patriotism, cultural conservatism, and the desire on the part of the native ethnie in an old, proud nation to limit foreign settlement". Ou seja, tal como os bat shit crazy religious nuts, Derbyshire legitima o terrorismo como forma de imposição a todos das suas opiniões.