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jugular

E depois da Primavera, o Verão ou o Outono da revolução egipcia?

A esfinge: o mesmo destino dos Budas de Bamiyan?

 

Nos últimos meses, extremistas salafi devotaram-se a "purificar" o Egipto da imagética religiosa não islâmica, atacando, para além de locais de culto cristãos e sufis, os vestígios da "cultura podre", como se referiu o porta-voz da Al-Dawa Al-Salafya (Salafist's Call) às pirâmides, esfinge e demais templos faraónicos.

 

Os salafi, juntamente com a Irmandade Muçulmana e o al-Gama'a al-Islamiyya, boicotaram as reuniões  convocadas pelo primeiro-ministro interino, Ali El-Selmi, para discutir os princípios em que deverá assentar a nova Constituição egipcía. Os partidos islâmicos, sem excepção, condenam a "laicidade" de El-Selmi que insiste em que o Egipto deverá ter uma transição de poder pacífica para um estado "civil", de direito, democrático e que respeite os direitos humanos, nomeadamente, a liberdade de crença.

 

A Irmandade Muçulmana avisou o governo de transição que, a insistir nestas "blasfémias" constitucionais,  tomaria as ruas como o tinha feito à emblemática Tahir Square no último dia de Julho, quando centenas de milhares de islamistas fizeram ouvir as suas reinvidicações: Al-Shaab Yureed Tatbiq Shari'a Allah!  O povo quer implementar a lei de Deus, isto é, uma teocracia.

 

Pouco depois do ultimato, o consenso possível foi conseguido com os princípios constitucionais propostos por Ahmed el Tayeb, o grande iman de Al-Azhar.  Os liberais, que receiam uma vitória nas urnas dos partidos islâmicos e a transformação do Egipto num novo Irão,  gostaram da parte que estipula que o Egipto deverá ser um Estado civil, regulado pela lei e pela Constituição, em que sejam garantidos todos os direitos humanos. Os partidos islâmicos, que se opôem a essas modernices laicas, gostaram que não sejam vinculativas. E certamente gostaram da parte que descreve o Egipto como um estado muçulmano, em que a Sharia é a fonte primária da legislação. 

3 comentários

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    Marco Oliveira 30.08.2011

    Não conhece a situação das minorias religiosas no Irão?
    Não sabe o que se passa com cristãos, judeus e zoroastrianos iranianos (apesar das garantias constitucionais)?
    Não ouviu falar do regime de apartheid religioso em que vivem os baha'is iranianos?
    Ou prefere ignorar essa realidade?
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    Joaquim Camacho 03.09.2011

    Tenho andado um pouco afastado do computador e só agora vi o seu comentário. Respondo às suas perguntas com outras perguntas e algumas afirmações:
    Conhece a situação das minorias religiosas, nomeadamente cristãos, na Arábia Saudita e outros oásis democráticos da zona?
    Conhece a situação da maioria xiita no Bahrain, dominada há décadas por uma minoria sunita que mata xiitas às centenas impunemente, e ainda bem recentemente, com a tolerância obscena dos mesmos que dão gritinhos histéricos de apoio à "revolução" líbia?
    Conhece a situação de apropriação "de facto" de lugares santos do Islão (e já agora também alguns cristãos) pelos israelitas em Jerusalém, vide Esplanada das Mesquitas e não só, dificultando sob os mais variados pretextos o acesso de palestinianos muçulmanos e sacando chorudos lucros da exploração económica desses locais?
    Acaso se apercebeu da obscena aldrabice repetida à exaustão pelo jornalismo mercenário sobre os milhares de alegados mercenários que o Kadhafi teria a combater a seu lado?
    Acaso se apercebeu de que tais "mercenários" eram todos negros da África subsariana, que de mercenários não tinham a ponta de um corno e cujo único crime era serem pretos?
    Acaso se apercebeu daquilo que para mim e para muitos outros foi evidente desde o início: que tais alegados mercenários não passavam de imigrantes a tentar ganhar a vida trabalhando, tal como fazem milhares de emigrantes africanos em Portugal e milhares de portugueses no estrangeiro?
    Acaso esboçou um miligrama de protesto quando esses emigrantes, só por serem pretos, começaram a ser mortos aos milhares pelos racistas de merda... perdão, pelos gloriosos rebeldes líbios "ávidos de democracia", aos gritos de "mata que é mercenário" e a coberto da luta pseudo-revolucionária contra o doidivanas do Kadhafi?
    Acaso viu a reportagem da Cândida Pinto ontem na SIC, numa prisão repleta de centenas desses desgraçados, obrigados por um glorioso rebelde, filho de puta com poder de vida ou de morte sobre aquelas centenas de seres humanos, obrigando-os com uma satisfação obscenamente alarve e prepotente a gritar "Allahu Akbar", fossem eles muçulmanos ou cristãos, como era o caso de muitos, de acordo com a Cândida Pinto?
    Acaso sentiu algum desconforto ao ver os desgraçados repetir o que o filho de puta os obrigava a gritar, por saberem que se não o fizessem levavam um balázio na testa mal os jornalistas desaparecessem?
    Acaso é capaz de sentir um arrepio se, parando cinco segundos para pensar, chegar à conclusão de que o mais certo é aqueles desgraçados, filmados ontem ainda vivos, estarem neste momento todos mortos (menos bocas para alimentar)?
    E se acaso está a pensar em alegar que essas coisas só agora começam a ser sabidas, sugiro-lhe algumas consultas, como por exemplo nos links seguintes, alguns deles bem antigos:

    http://www.csmonitor.com/World/Middle-East/2011/0303/Mistaken-for-mercenaries-Africans-are-trapped-in-Libya (http://www.csmonitor.com/World/Middle-East/2011/0303/Mistaken-for-mercenaries-Africans-are-trapped-in-Libya)

    http://news.helium.com/news/12680-reports-of-african-mercenaries-in-libya-endagers-life-of-african-migrants (http://news.helium.com/news/12680-reports-of-african-mercenaries-in-libya-endagers-life-of-african-migrants)

    http://www.afrol.com/articles/37465 (http://www.afrol.com/articles/37465)

    http://www.afrol.com/articles/37490 (http://www.afrol.com/articles/37490)

    http://www.afrol.com/articles/37443 (http://www.afrol.com/articles/37443)

    (continua)
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