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jugular

"Vitímas de violência doméstica "culpadas" em tribunal"

É o título da noticia do i que dá conta de um trabalho de Madalena Duarte, investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra. Tentei descobrir o trabalho e encontrei um artigo da autora, provavelmente parte da investigação que o jornal refere - Violência doméstica e sua criminalização em Portugal: obstáculos à aplicação da lei", Sistema Penal & Violência, Porto Alegre, v. 3, n. 2, p. 1-12, jul./dez. 2011.

 

Uma das citações presentes no artigo é a que se segue: "Posso dizer-lhe que 90% das queixas de violência doméstica que aqui chegam são falsas. São mulheres que usam o processo-crime para os casos de divórcio, de regulação das responsabilidades parentais e que não são realmente situações de violência doméstica. (…) Então quando chega aqui uma senhora, com o seu próprio advogado, sem ser oficioso, com um discurso muito articulado, que sabe muito bem o que dizer e o que quer, desconfio logo. (Magistrada do Ministério Público, entrevista pessoal)" (sublinhados meus). Para falar verdade não me espantou, era algo de que já suspeitava, mas lido preto no branco não deixou de me impressionar. Para além de uma absoluta ignorância, está mais que provado que a VD não escolhe classes socioeconómicas, mostra como não ser desgraçada à partida pode ser uma menos valia perante a justiça. Que tristeza, senhora magistrada. Se algum dia passar por uma situação parecida não se esqueça de beber uns copos antes de se apresentar em tribunal, é desarticulação do discurso pela certa e nunca se sabe se irá encontrar pela frente uma besta preconceituosa parecida consigo.

4 comentários

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    Ana Matos Pires 23.06.2012

    ah pois não, mas neste post é de uma das bestas presentes nos tribunais que falo.
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    José Luiz Sarmento 23.06.2012

    Ana, já que fala em bestas preconceituosas, deixe-me pôr alguns pontos nos is. Primeiro, o título de jornal que você reproduz: é um exemplo típico duma prática jornalística que me faz trepar pelas paredes, que é fazer uma afirmação no título que depois se desmente ou mitiga no texto. E o que este título dá a entender é que os tribunais, todos os tribunais, tratam sistematicamente como culpadas pessoas que na realidade são vítimas. Não sei quem é o autor deste título - pode nem sequer ser o autor da notícia - mas é, seja quem for, uma besta preconceituosa.

    Segundo, chama besta preconceituosa a uma magistrada que estava a responder a uma pergunta, sem saber qual era a pergunta nem que respostas terá dado a outras perguntas que lhe tenham sido feitas. Alguém, talvez a Ana, talvez o jornalista do "i", tirou do contexto as posições da magistrada. Isto não é necessariamente prova de má-fé, mas cria um novo contexto que é o que a Ana apresenta aos leitores do seu post: já não a violência doméstica em si mesma, mas as eventuais falsas alegações de violência doméstica. Se é disto que a Ana diz que se trata, compreenderá certamente que seja sobre isto que os seus leitores tomam posição. E aceitará, talvez, que nem todos os que se preocupam com as falsas acusações estão de má fé e são, portanto, bestas preconceituosas.
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    Ana Matos Pires 23.06.2012

    PS: o meu post não é sobre as falsas alegações de VD, José Luiz, é sobre bestas preconceituosas que têm as decisões judiciais nas mãos.
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