"O fim da política ambiental europeia" e a misteriosa abstenção do PCP
Nunca percebi muito bem o fraquíssimo escrutínio mediático que têm as ações dos deputados europeus, numa altura em que é tão evidente que a política europeia - não só a financeira - é cada vez mais política interna (verdade se diga que esta quase invisibilidade não acontece só em Portugal, veja-se este artigo recente sobre o cenário francês). Podem avançar-se desculpas como "o PE tem muito poucas competência se comparado com a Comissão" ou similares mas não me servem.
Ontem, por exemplo, ocorreu uma importantíssima votação de política ambiental europeia (uma proposta da comissão para alterar as regras de leilão associadas ao comércio de licenças de emissão de carbono) que passou quase despercebida nos media nacionais (vi uma pequena notícia no Público de hoje e pouco mais, e mesmo aí, no que a deputados portugueses diz respeito, limita-se a descrever o voto). Ora não só me parece ser fundamental discutir o assunto como, também, procurar junto dos deputados europeus a justificação para o seu voto.
A mim intriga-me muitíssimo, por exemplo, a abstenção do PCP tendo em conta que, ainda por cima, no plano nacional é o partido que concorre a eleições coligado com outro que se arroga de ecologista.
Se algum jornalista passar por aqui e quiser ser muito gentil faça-me um favor: procure a Heloísa Apolónia e pergunte-lhe a opinião sobre o voto dos seus parceiros que contribuíu para aquilo que no Der Spiegel é considerado como "O fim da política ambiental europeia" (a votação foi cerradíssima - 334 votos contra e 315 a favor - pelo que todos os votos contaram), pode ser?
P.S. - A imagem que ilustra este post foi captada no VoteWatch.
Adenda: assim que publiquei o post olhei para o lado e dei de caras com este artigo "CO2: le Parlement européen garantit le droit à polluer"