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Embirrações económicas

O blogue da Sedes arrancou esta semana, e um dos primeiros posts é mais uma diatribe contra o investimento público da autoria de Campos e Cunha. Como seria de esperar, não fiquei convencido:

1. Como sublinha Pedro Lains num comentário que lá deixou, o gráfico apresentado não autoriza as conclusões do autor sobre a ineficiência geral do investimento público.

2. Objecta CC aos actuais projectos do governo: "O financiamento [dos grandes projectos] tem de ser assegurado nos meses que correm mas a despesa só se realiza daqui a vários anos." Ora, se as despesas só são realizadas dentro de anos, o financiamento, embora contratado agora, também só tem efeitos mais tarde.

3. CC teme que, por causa dos grandes projectos, se deixem de realizar "muitas pequenas obras com impactos no emprego mais significativos e com efeitos dinamizadores dentro de meses". Mas eu nunca o vi defender pequenos investimentos públicos (que, de resto, me parecem urgentíssimos) como alternativa aos grandes investimentos públicos.

4. A ideia, em que ele e outros têm insistido, de que o investimento público reduz os fundos disponíveis para o sector privado também me parece, nas actuais circunstâncias, completamente errado: não há, nem vai haver nos próximos tempos, fundos disponíveis para o sector privado! Logo, a alternativa ao investimento público é não haver investimento nenhum. (Esta mesmíssima discussão opôs Keynes aos economistas ortodoxos na época da Grande Depressão.)

5. CC mistura e confunde num mesmo post três problemas diferentes: a utilidade genérica do investimento público; a necessidade de distinguir entre bons e maus projectos; e a eficácia do investimento público no combate à crise. O que transparece do seu post é, afinal, uma embirração genérica contra o investimento público não racionalmente motivada nem fundamentada.

Isto dos blogues é um bocadinho mais complicado do que parece.

3 comentários

  • 1. Não, não temo que "não deixem dinheiro", e já expliquei várias vezes porquê, incluindo neste post. Só a Drª Ferreira Leite julga que a poupança é um dinheirinho que está ali num saco à espera de ser usado.

    2. Sim, vivemos uma situação de emergência pública, aqui e no resto do mundo. Provinciano é precisamente julgar que isto é um problema nosso. Se fosse, eu não defenderia o que estou a defender.

    3. Não, não é preciso optar pelos investimentos, é preciso arranjar outros novos. Porque a fatoa do PIB e do OGE prevista para o investimento em 2009 situa-se em valores historicamente muito baixos.

    4. Deve estar aí a chegar um telegrama da UE com instruções.
  • Sem imagem de perfil

    Francisco Gonçalves 29.10.2008

    Pois então, não é que já chegou ?

    "Crise Financeira 2008-10-29 15:20
    Presidente da CE não concorda com abandono de projectos de investimento público
    O Presidente da Comissão Europeia (CE), Durão Barroso, manifestou-se hoje, em Bruxelas, contra o abandono de projectos de investimento público de "qualidade", recusando referir-se ao caso de Portugal, onde o PSD contesta a política do Governo nesta matéria.

    Diário Económico Online


    "O que tenho a dizer é que é importante não se abandonar projectos de investimento público desde que sejam projectos de qualidade e projectos que promovam o emprego e projectos que promovam a competitividade da economia", defendeu Durão Barroso, citado pela Lusa.

    O responsável recusou referir-se a “projectos concretos” de cada país porque "isso tem de se ver caso a caso", não lhe competindo "julgar uma decisão concreta de um governo".

    projectos de investimento público porque isso pode gerar crescimento na Europa."

    Esta segunda-feira, a presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, defendeu uma posição contrária. A líder social-democrata disse que o Governo deve trocar os gastos em alguns investimentos públicos pelo pagamento de parte da dívida do Estado às empresas.
    (...)"



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