Abster-se é tão mau como estacionar em segunda fila
A abstenção eleitoral pode justificar da nossa parte, quando muito, um sentimento de comiseração, caso se diagnostique alguma espécie de deficiência cognitiva no paciente. Mas, descontadas situações especiais de força maior, o desprezo será a reacção mais apropriada.
Ora o descaramento dos abstencionistas atingiu nos últimos tempos tais proporções que alguns ousam apresentar-se publicamente como heróis da resistência contra a degradação da democracia. Justificam a sua atitude com o nojo pela política e pelos políticos, denunciam a falta de alternativas, exigem seriedade, recusam-se a pactuar com o sistema.
Balelas. Desculpas esfarrapadas. O cidadão responsável que não se revê nas propostas políticas existentes exprime-se votando em branco, não indo para a praia ou para o centro comercial.
O abstencionista é apenas um elemento anti-social, um oportunista que quer os benefícios da vida em sociedade e da democracia mas não estar disposto a mexer um dedo para dar a sua contribuição. O abstencionista não só cospe na cidadania como ainda por cima se orgulha disso.
Abster-se é tão mau como estacionar em segunda fila, como deitar cascas de laranja pela janela, como passar à frente na bicha do cinema, como meter cunhas na repartição, como violar a faixa bus, como desrespeitar o semáforo vermelho, como copiar nos exames, como urinar na piscina.
Terá o abstencionista razões para se chocar se alguém lhe chamar parasita?