a demagogia da câncio, parte 2
a lúcia gomes escreveu no manifesto 74 um post muito enervado a propósito desta minha crónica no dn sobre as pensões minimas e a proposta do be (e também do pcp, de que a lúcia é militante) de as aumentar por atacado, acusando-me de 'demagogia' (emulando o título da minha crónica) e de dizer 'tantos, mas tantos disparates que me enchi de vergonha alheia'.
fiquei cheia de interesse no que a lúcia teria a dizer sobre o que escrevi e no que iria ensinar sobre pensões mínimas, já que é um assunto que há muito me interessa e sobre o qual tenho lido e noticiado, além de opinado, com alguma frequência.
fiquei desiludida: afinal, a lúcia não tem nada a dizer sobre as pensões mínimas, nem que eu saiba nem que eu não saiba. e muito menos sobre a possibilidade de imposição de condição de recursos para a parte da pensão que não resulta do cálculo baseado nas prestações contributivas, ou seja, que é prestação não contributiva.
não; a lúcia faz um post a admoestar-me por ignorância ou má fé em que não demonstra nem uma nem outra -- da minha parte, pelo menos. eu, que conheço a lúcia de algumas conversas e entrevistas telefónicas e simpatizo com ela, esperava mais, como espero mais e melhor da mariana mortágua que aquilo que me levou a escrever a crónica citada.
esperava que a lúcia explicitasse porque é que, no seu entender, fui demagógica (quer dizer, simplista, populista, voluntariamente parcial) e/ou ignorante. e já agora que aproveitasse para ler a entrevista ao carlos farinha rodrigues que o dn ontem publicou, mais o texto que a acompanhou, sobre um livro sobre segurança social coordenado por pessoas tão ignaras e de direita como louçã e josé luís albuquerque e, cotejando o que farinha rodrigues diz sobre o mesmo assunto e o que eu disse, encontrasse as diferenças. talvez seja difícil, admito, porque a opinião que tenho sobre as pensões minimas se formou exactamente com base no trabalho e nas opiniões de farinha rodrigues e de outras pessoas conhecedoras que estudaram o assunto. e a sua, lúcia, qual é e baseia-se em que estudos e números? é que, lendo o seu post, fiquei na mesma.
beijos e fico à espera de ser esclarecida.