W. Clode, médico contemporâneo de Gentil Martins, publicou na Revista da Ordem dos Médicos (ROM) um artigo onde comparou a homossexualidade ao daltonismo. Reagi assim, na ROM, pedindo responsabilidades à publicação médica - não se tratava de um órgão de comunicação social generalista, Clode não estava a dar uma entrevista de vida, no IPO, Clode não era um decano da medicina nacional. Mais, Clode não era reincidente.
Quanto a Gentil Martins, aqui decidi não tomar conhecimento e aqui optei pela ridicularização. Desta vez, porque achei que os dislates clínicos e deontológicos já ultrapassavam o razoável, pelo conjunto de razões que já aqui referi e porque me pareceu que a convicção de impunidade era absoluta e insustentável, mal li a sua entrevista ao Expresso da semana passada pedi a atenção da OM e em especial do bastonário ("linquei" Miguel Guimarães num post que coloquei num grupo fechado a médicos, no FB). Nada que a OM não tivesse feito recentemente com outros clínicos – aqui e aqui, por exemplo.
1. Da próxima vez que for a um médico em vez de um diagnóstico espero que lhe aplique uma lei. 2. A homossexualidade foi descaracterizada como doença porque não cumpria os requisitos necessários para o ser, como aconteceu com a "esquizofrenia simples" ou, em sentido contrário, com a "fibromialgia" (esta passou a ser uma entidade clínica específica nos instrumentos classificativos) 3. Quanto ao resto... *suspiros*
Com o seu primeiro ponto pretende argumentar o quê? Que na Ordem dos Advogados há liberdade mas na Ordem dos Médicos a coisa é diferente? Que não pode haver liberdade na Ordem dos Médicos? Trata-se, tanto num caso como no outro, de opiniões de especialistas, de pessoas que se especializaram em determinada ciência e que, como em tudo, há diversas opiniões. O seu ponto um só demonstra a falta de argumentos.
Quanto ao segundo ponto é aquela posição fanática e reveladora de imaturidade intelectual (que não se adquire apenas com o acumular de anos a respirar) do "a ciência diz que". Quem foi o senhor ciência que disse que não cumpria os requisitos? Foi uma votação. Uns entendiam de uma forma e outros de outra. Prevaleceu a maioria mas não foi criado um dogma. E ainda hoje assim acontece. Gentil Martins, Adriano Vaz Serra, João Marques Teixeira, Margarida Cordo, Maria José Vilaça são de uma opinião que não é a sua. Que é que a senhora faz? Menoriza as suas opiniões, ridiculariza-as (e sem se aperceber ridiculariza-se) e, cereja no topo do bolo, ameaça com processos. A sua atitude é a maior demonstração da agenda ideológica que sustenta esta palhaçada e os tiques autoritários que sempre caracterizaram aqueles que vivem com essa agenda ideológica debaixo do braço. Você daqui a uns anos será vista como a política camuflada numa profissão com o claro intuito de promover a ideologia e fazer calar os dissidentes.