lutar contra os elementos
Palpita-me que António Costa vai perder no domingo. Não por demérito próprio. Não que os socialistas, militantes e simpatizantes, e os portugueses, menos militantes e menos simpatizantes, não o achem merecedor de liderar o seu partido e, possivelmente, chefiar o próximo governo. Nada disso. Muito menos por mérito do seu adversário, de quem os socialistas etc., pensem que tenha capacidades políticas adequadas ao que aí vem. Se foi mau na oposição, o que será no governo? Se foi tíbio ali, espera-se que seja firme acolá? Se já deve sofrer de estrabismo com tanto ziguezague, como conseguirá ver a direito na cadeira do poder? Em pleno fervilhar de 1975, o então presidente da República disse um certo dia que sabia que o acusavam de ser hesitante, titubeante e pouco brilhante, e que ele aceitava os dois últimos epítetos, mas nunca o primeiro. Seguro, infelizmente, faz o três em linha, e se acrescentarmos oportunista, cinzento, carreirista, troca-tintas, demagogo e fraco, faz bingo completo.
Porque vai então Costa perder? Porque choveu em Lisboa, houve inundações, confusão, prejuízos, tudo culpa dele, como se viu. Se volta a acontecer mais uma vez antes de dia 28, é certinho. Ninguém arrisca votar em quem suscita tal ira de Zeus, Thor, Indra, Xolotl e S. Pedro. O que aconteceu ontem foi apenas um aviso para o que acontecerá ao país se Costa ganhar. Pelo sim, pelo não, é mais seguro escolher o xamã apaziguador dos deuses, cuja dança da chuva nos tranquiliza a todos.