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jugular

onde se volta ao empolgante assunto miguel abrantes e se analisa um artigo miserável do observador

escrevi neste blogue, em 2008 e 2010, dois posts sobre a existência real -- pessoal, de pessoa existente, de carne e osso -- do blogger do câmara corporativa miguel abrantes.

fi-lo por à época se dizer que se tratava de um assessor do governo, ou de um grupo de pessoas que se agregariam sob aquele pseudónimo.

acresce que, na mesma altura, o jugular era, assim como o aspirina b, sistematicamente associado ao câmara corporativa como fazendo parte de uma 'frente' de defesa do governo, sendo insinuado ou até afirmado que os três blogues seriam 'pagos' de alguma forma para esse efeito. sabendo eu, como co-fundadora do jugular, que decerto não recebiamos nada de ninguém para blogar, e portanto sabendo essas acusações falsas, não via qualquer razão para que as dirigidas a outras pessoas pelas mesmas fontes -- friso, pelas mesmas fontes, nas quais avultava pacheco pereira -- não fossem igualmente caluniosas. refutei, pois, as acusações com a indignação de quem se sente ofendido e considera que outros o estão a ser de igual modo.

acresce que achava risível -- ainda acho -- a ideia de alguém pagar a bloggers para escrever 'contra' ou 'a favor'. era mesmo algo que nem me passava pela cabeça, mais que não fosse que pela diminuta influência e audiência dos blogues.

 

quando saiu a primeira notícia sobre alegados pagamentos efectuados por carlos santos silva ao blogger que assinava miguel abrantes, antecipei que os posts referidos seriam utilizados, como tantas outras coisas têm sido, para me 'gastarem' o nome, na tentativa de me envolverem nos meandros do processo marquês e fazer passar a ideia de que eu 'saberia' e 'estava por dentro' e 'participei na marosca'. não me enganei, evidentemente. 

decidi não reagir -- à primeira, à segunda, à quinta, à décima.

não tenho tempo nem paciência para reagir a tudo e muito francamente acho que ninguém com um módico de honestidade e boa fé lê os dois referidos posts e vê lá algo que contradiga aquilo que entretanto foi tornado público: que miguel abrantes é o pseudónimo de uma pessoa real, chamada antónio peixoto, e que antónio peixoto não era assessor do governo.

isto dito, e ao fim de meses de imputações e insinuações, o limite da minha paciência foi atingido com um artigo ontem publicado no observador com grande destaque (talvez por o jornal não encontrar, nesta altura da vida do país e do mundo, nada de mais importante para destacar).

sem trazer rigorosamente nada de novo face ao já foi publicado anteriormente, o artigo menciona-me logo no início, lincando um dos dois posts que aqui escrevi (em 2008) sobre miguel abrantes. é curioso que tendo dois à escolha e contendo o segundo, de 2010, muito mais informação, inclusive sobre as circunstâncias em que conheci miguel abrantes e jantei com ele (mencionando também outras pessoas que com ele conviveram na mesma altura), os autores da notícia tenham escolhido o primeiro. foi azar de certeza.

como foi de certeza azar que resulte da notícia a ideia de que eu -- apresentada como 'então namorada de sócrates' (então quando? no dia em que escrevi o post? têm a certeza? a ligeireza e gratuitidade com que pessoas com carteira de jornalista se aventuram nos terrenos deontologicamente e constitucionalmente minados da invasão da esfera íntíma nunca deixa de me espantar) -- menti no que escrevi sobre abrantes.

e por que digo que isso resulta da notícia?

leiamo-la:

'Durante muito tempo, especulou-se sobre a identidade de “Miguel Abrantes”. Os adversários diziam que era, na verdade, um assessor do Governo de José Sócrates. Outros sugeriam que não era um, mas vários autores com informações diretamente sopradas da presidência do Conselho de Ministros e de outros gabinetes ministeriais estratégicos (há quem conheça o processo por dentro e continue a afirmar que era demasiado trabalho para um homem só). Seja como for, as acusações coincidam num ponto: o autor — ou autores — do blogue tinha uma relação com o poder socialista e estava ligados a gabinetes governamentais.

Houve, no entanto, quem garantisse o contrário: Fernanda Câncio, jornalista e então namorada de José Sócrates, foi uma das primeiras pessoas a assegurar que “Miguel Abrantes” existia (e até já tinha jantado com ele, como revelou então). Eduardo Pitta, blogger, poeta e escritor, apoiante do ex-primeiro-ministro, garantiu o mesmo.'

ajudem-me aqui: eu garanti o contrário de quê? é que no post lincado (e no não lincado) me limito a dizer duas coisas:

1. miguel abrantes não era um assessor do governo de sócrates;

2. não era várias pessoas, mas uma;

tudo o resto que está no parágrafo, incluindo o seu final -- 'Seja como for, as acusações coincidam num ponto: o autor — ou autores — do blogue tinha uma relação com o poder socialista e estava ligados a gabinetes governamentais.' -- não é sequer por mim abordado nos posts. 

mas olhemos bem para a forma como a notícia é escrita: eu fui 'uma das primeiras pessoas a assegurar que miguel abrantes existia'. sim, e então? não existia? não existe? não é a pessoa que se assinava miguel abrantes que está na berlinda por ter alegadamente recebido dinheiro para escrever no cc?

a explicação desta fórmula vem no parágrafo seguinte:

'Hoje sabe-se que “Miguel Abrantes” era, na verdade, António Costa Peixoto. Como explicou o Observador, o Ministério Público suspeita que Carlos Santos Silva terá ordenado, em nome de José Sócrates, o pagamento de avenças a António Costa Peixoto (que o Observador não conseguiu contactar) e ao seu filho António Mega Peixoto. Entre 2012 e 2014, os dois terão recebido cerca de 76 mil euros da empresa RMF Consulting — Gestão e Consultadoria Estratégia, uma sociedade gerida por Rui Mão de Ferro, um economista que era colaborador de Carlos Santos Silva e igualmente arguido na Operação Marquês.'

portanto os autores da notícia do observador fizeram -- ou querem induzir -- o seguinte raciocínio: 'ela disse que existia o miguel abrantes mas ele afinal chama-se, no bi, antónio peixoto. ela não disse a verdade.'

isto dá um bocadinho de vontade de rir mesma a uma pessoa tão cansada de ser acusada de idiotices como eu (ou será que me dá para rir por isso mesmo?)

portanto conhece-se alguém que usa um pseudónimo, que entende usar um pseudónimo por razões que são as suas (e que no meu entender nem sequer têm de ser explicadas), que é conhecido publicamente por esse pseudónimo e referimo-nos a ele como? pelo nome 'verdadeiro'? 

 

mas admitamos que os autores ficaram genuinamente com esta dúvida: se o tipo era peixoto porque é que ela disse que o abrantes existia? admitamos, que temos de admitir tudo. fácil: os jornalistas, pelo menos os que fazem jus ao nome, quando têm dúvidas tentam esclarecê-las. agarram numas coisas com teclados que permitem a comunicação à distância e contactam quem pode esclarecer -- no caso, eu. diria até que no caso, dado o tipo de suspeita que claramente aventam, a de que eu teria mentido, tinham a estrita obrigação de o fazer.

mas não recebi nenhum telefonema, sms, whatsapp, mail ou pombo correio do observador. nada. e não é como se não tivessem lá o meu número. 

se os autores -- eram dois e tudo, podia ficar um a fazer coisas importantes e o outro perder cinco minutos a ligar-me -- não acharam que merecesse a pena contactar-me para tirarem dúvidas, se calhar é porque não têm nenhuma.

e se não têm é porque acham que menti -- porque é isso que resulta do que escreveram.

e se acham que menti é porque, e desculpem o meu francês, ou são burros ou são burros -- não excluindo, naturalmente, o serem muito mal intencionados. no que estão muito acompanhados, como comecei por dizer no início deste post.

 

vamos então explicar isto de forma a que até burros possam compreender.

hoje sabe-se que miguel abrantes era o pseudónimo de antónio peixoto. eu não sabia? sabia. desde que o conheço que sei o nome 'verdadeiro' de miguel abrantes. disse-mo quando se apresentou num dos dois prós & contras do aborto (estive nos dois, não me recordo se ele esteve lá no primeiro ou no segundo), no início de 2007. disse-me assim: 'olá, sou o miguel abrantes. mas o meu nome não é mesmo miguel abrantes.'

aliás, na altura, miguel abrantes apresentou-se a várias pessoas da 'delegação do sim' (que incluia, além de mim, vasco rato, pedro marques lopes, daniel oliveira e mais uma série de pessoas, algumas que viriam a fazer parte do jugular, como a palmira silva, etc). abrantes que, recordo, fazia parte do blogue sim no referendo, tinha ido ao p&c na companhia de um dos oradores principais, hoje, curiosamente, comentador da cmtv: rui pereira, que aliás já assumiu, nesse mesmo canal, e de forma algo atabalhoada, conhecê-lo (o observador, pouco observador, não reparou nisso; o cm e a cmtv nunca entenderam, sabe-se lá porquê, relevar o assunto).   

ora tal como se miguel torga se me tivesse apresentado eu haveria de dizer 'conheci miguel torga', apesar de este ser o pseudónimo de adolfo correia da rocha, no caso de miguel abrantes, que tinha decidido não revelar publicamente o seu nome de registo, só poderia designá-lo publicamente pelo pseudónimo que escolheu. evidente, não? diria mesmo: eticamente evidente.

como aliás deve ser, mesmo para burros, evidente que se eu tivesse algum conhecimento daquilo que agora se alega e achasse que o que tinha escrito me comprometia poderia ter apagado os posts em causa logo no dealbar da operação marquês, em 2014, dois anos antes de as primeiras notícias sobre pagamentos a miguel abrantes terem surgido.

e acrescento: como deve ser evidente, dada a intensidade da perseguição que me tem sido votada pelas publicações do grupo cofina, que se algo houvesse no processo que me comprometesse de facto em relação a esta matéria ou a outra qualquer já estaria cá fora em parangonas. afinal, é preciso não esquecer que a cofina pediu em dezembro de 2015 a minha constituição de arguida com base em coisas como ter passado 12 dias de férias em espanha, ter recebido um computador de presente de aniversário, ter referido um apartamento no largo do caldas numa conversa telefónica e ido visitar uma propriedade no algarve. acham mesmo que se tivessem mais alguma coisinha não teriam usado?

não havendo nada, resta fazer insinuações do tipo das que se encontram no artigo do observador: ela chamou abrantes a um tipo que 'afinal' se chama peixoto, portanto 'mentiu', sabe-se lá o que é que ela fez mais? 

 

...

 

mas a miséria do artigo do observador não se resume à parte em que me refere. é espantoso como um artigo daquela extensão, que começa por falar da suspeita de que o câmara corporativa fosse feito por um colectivo e chega mesmo a dizer 'António Costa Peixoto é, para já, o único identificado, mas os indícios apontam para a existência de outros autores', termina declinando, no último parágrafo (repito: no último parágrafo) os nomes de outros autores do blogue, retirados do blogue. será a isso que os pobres jornalistas do observador chamam 'indícios'? é preciso uma subscrição para oferecer um dicionário ao observador? 

depois, o que é impagável num artigo que começa por dizer que miguel abrantes 'escreveu sob anonimato' (sim, já se percebeu que os autores confundem pseudónimo com anonimato, é o tal problema de falta de dicionário), como sendo algo de reprovável, ouvem um 'blogger anónimo': “Ninguém na blogosfera sabia quem era “Miguel Abrantes”, mas toda a gente sabia que era mais do que uma pessoa. Era uma amálgama de gente, com estilos de escrita diferentes. “Miguel Abrantes” talvez fosse o pseudónimo de quem coordenava toda a informação que chegava ao blogue”, conta ao Observador um ex-blogger, que assumia a defesa de Pedro Passos Coelho e do PSD nos blogues do outro lado da barricada.'

uns parágrafos acima, citam-me a mim e a eduardo pitta, dois bloggers, como tendo afirmado que conheciamos miguel abrantes; agora citam um tipo que não dá o nome (decerto com medo de represálias) que diz que 'ninguém na blogosfera sabia quem era o miguel abrantes'. 

recapitulemos: miguel abrantes entrou, logo em 2007, num blogue colectivo, o sim no referendo; em 2009 fez parte do simplex, o blogue criado para apoiar o ps nas legislativas desse ano. ambos os blogues estavam cheios de gente que pode ser contactada. mas os jornalistas do observador só conseguiram falar com uma pessoa que recusou ser identificada e que dá opiniões tão incontroversas como 'ninguém sabia quem era o miguel abrantes mas toda a gente sabia que era mais que uma pessoa.' que esplêndido trabalho de investigação jornalística. uma pessoa fica mesmo tentada a imaginar que não quiseram identificar o blogger em causa porque, se calhar, é para aí colega do observador ou assim. 

o mesmo blogger anónimo diz 'Muita da informação que era colocada no blogue não era de fontes públicas. E era colocada quase em tempo real. Só podia vir de dentro da Presidência do Conselho de Ministros.' 

isto quer dizer o quê? tipo, exemplos, há? zero, que isso dá trabalho e ainda se corria o risco de não haver nada para mostrar. e o que é 'tempo real'? é o oposto de 'tempo irreal'? 

de seguida, mais um anónimo, desta vez 'um homem do presidente'. o 'anonimato' em abrantes é uma coisa horrível mas só para escrever em blogues. para escrever sobre abrantes só se sacam anónimos super credíveis. 

e mais uma vez, a menção ao 'tempo real': 'Tínhamos mais ou menos uma ideia da identidade dos autores do blogue. Sabíamos que tinha de ser alguém com informações privilegiadas porque escrevia comentários quase em tempo real.'

e mais uma vez zero exemplos, ou explicação do que se quer dizer com o afirmado. estamos no domínio das puras insinuações. um artigo que visa demonstrar o 'modus operandi' de um blogue de propaganda a dedicar-se, do princípio ao fim, e de modo particularmente canhestro, a manobras de pura propaganda: que maravilha. 

 

maravilha pelo menos tão extraordinária como essa é que, numa notícia sobre um blogue, não exista, como valupi já frisou, qualquer reflexão ou elemento sobre a capacidade de influência deste, quer através das visualizações de que seria alvo -- os jornalistas poderiam (deveriam) ter tentado revisitar os rankings de blogues ou falar com especialistas das plataformas que conheciam os números, por exemplo -- quer através do efeito na opinião pública e publicada. nada, zerovzky. 

isto para não falar da inexistência de contexto no artigo: o cc foi o único blogue em relação ao qual foram levantadas suspeitas de 'alimentação' institucional ou partidária? não há até uma tese de mestrado de um autor de um blogue passista, o albergue espanhol, a relatar reuniões com passos e estratégias concertadas de propaganda e contra-propaganda? não houve um blogue, o 31 da armada, que organizou uma operação de interferência na campanha eleitoral do ps em 2011, enviando uma pessoa mascarada para vários comícios, e alegando que o fazia com fundos recolhidos através de donativos para o blogue (blogue esse em que a principal figura, o marketeiro rodrigo moita de deus, ascendeu depois a dirigente do psd)? não houve, depois de anos de acusações de que os blogues apelidados de 'socráticos' seriam constituídos por assessores, uma entrada em massa no governo de passos, como assessores e não só, de bloggers dos blogues que faziam essas acusações? e como é possível citar fernando lima a propósito do câmara corporativa como fazendo psrte da 'invisível máquina de propaganda do governo de sócrates' elidindo o papel de lima como eminência nada parda no obsceno caso das escutas, em que comprovadamente um órgão institucional plantou uma notícia num jornal, em plena campanha eleitoral, contra o partido do governo em funções? é possível tal falta de noção e vergonha? 

escrever com seriedade sobre o fenómeno câmara corporativa e sobre aquilo que seria o 'modus operandi' do seu autor/autores implica, naturalmente, contextualizar. e sobretudo implica que quem o faz procure informar-se com rigor para com rigor informar: isto se é a verdade, ou a possível aproximação à verdade, que se procura, e não mais um fácil libelo acusatório e difamatório à maneira do correio da manhã, construído desde o início com um propósito em tudo avesso à deliberação de informar com lealdade. 

...

tudo isto dito, e para concluir, a ser verdade que antónio peixoto foi pago para escrever no câmara corporativa, o facto choca-me tanto mais quanto, como é claro no que escrevi sobre ele, tal coisa nunca me passou pela cabeça. mas esse é um problema entre mim e antónio peixoto, que a mais ninguém diz respeito. 

 

 

 

 

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