No início da semana, o pastor Youcef Nadarkhani, convertido ao cristianismo muito jovem, era um ilustre desconhecido que engrossava as fileiras dos iranianos condenados à morte pelas mais espúrias razões. Hoje, o seu nome está nas primeiras páginas e editoriais da imprensa internacional de referência. Nadarkhani, de 33 anos, preso em 2009 por apostasia, poupado por um recurso do Supremo em Julho, viu o seu "crime" reexaminado por um tribunal de Rasht, num julgamento que terminou na 4ª feira. Na última sessão, o "criminoso" recusou, mais uma vez, a magnânima oferta judicial: repudiar a sua religião e converter-se ao islamismo dos seus pais. O tribunal provincial de Gilan condenou-o ao mesmo destino do pastor da Assembleia de Deus, Hossein Soodmand, executado em 1990 pelo mesmo "crime": morte por enforcamento.
Com o calor a apertar e a tentar em particular as mais jovens a transgredir a «segurança moral» iraniana, o líder supremo, ayatollah Ali Khamenei, decidiu reforçar as hostes da polícia moral. Assim, serão mais de 70 mil os polícias morais que patrulharão as ruas das grandes cidades iranianas para conter a «invasão vulgar do Ocidente» manifesta no colar masculino, na unha pintada ou no hijab mais arrojado. Tudo em nome do combate à corrupção porque, como explicou Khamenei, «Se um país parece avançado, mas sofre de uma cultura imoral e aspectos espirituais (imorais) é uma nação corrupta».
mas isto é vergonhoso: «A diplomacia brasileira se absteve de apoiar uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) que pede o fim do apedrejamento no Irã e o condena como forma de punição. A resolução ainda condena Teerã por "graves violações de direitos humanos" e por silenciar jornalistas, blogueiros e opositores».
O cardeal Tauran apresenta os cumprimentos do Papa a Ahmadinejad e entrega-lhe a carta em que Bento XVI expressa a esperança de que «as relações cordiais já felizmente existentes entre a Santa Sé e o Irão continuem progredindo».
Terminou na passada 5ª feira em Teerão a reunião «Religião e sociedade: perspectivas cristãs e muçulmanas», organizada de forma conjunta pelo Conselho Pontificial para o Diálogo Inter-Religioso, presidido pelo cardeal Jean-Louis Tauran, e pelo Centro para o Diálogo da ICRO (Islamic Culture and Relations Organisation). Um dos objectivos da coisa foi o estabelecimento de uma frente unida das religiões monoteístas em defesa da moral e bons costumes, «a única forma de evitar a depravação», explicou o cardeal que há exactamente dois anos agradeceu aos muçulmanos terem trazido a religião para a esfera pública. Estou certa que Sakineh Ashtiani e restantes «depravados» concordam com a justiça das palavras do cardeal...
De acordo com informação recebida hoje pelos International Committee against Stoning e International Committee against Execution, o governo iraniano executará Sakineh Ashtiani na próxima 4ª feira, dia 3 de Novembro. Só temos um dia para tentar impedir a barbárie. E o que podemos fazer? Bem, essencialmente podemos fazer barulho, junto à embaixada do Irão e junto a todos os nossos representantes. Sigam as sugestões indicadas nesta página e comecem a fazer barulho JÁ!
Não admira que o Irão queira rever os curricula das disciplinas de direito e de direitos humanos: para além das execuções públicas, mantidas ao ritmo «normal», são cada vez as execuções secretas, ilegais mesmo à luz do que passa por lei no país. De acordo com Ahmad Ghabel, um erudito religioso preso em Vakilabad no princípio do ano, apenas nesta prisão e apenas durante os 3 meses da sua detenção, foram secretamente executados 50 prisioneiros.
E continuam no Irão as reformas que pretendem asfixiar cada vez o pensamento crítico e livre dos seus habitantes, condenando-os ao isolamento intelectual e pobreza material a que remetem políticas desastrosas que têm por único objectivo transformar a sociedade iraniana num rebanho acrítico e acéfalo, obediente sem protestos aos delírios e barbaridades do shiismo mais fundamentalista e retrógrado.
Desta vez os alvos são as Universidades, antro de revolucionários que o regime se tem entretido a esmagar e disseminadores de pensamentos perigosos, como os direitos humanos e afins, aprendidos em cursos considerados contaminados pela podridão ocidental. Mais concretamente, os governantes iranianos acusam o Ocidente de tentar prejudicar o Estado islâmico, influenciando as gerações mais jovens do país com a sua cultura «decadente». Assim, anunciaram que vão cortar o mal pela raiz proibindo ou sujeitando a revisão as mais subversivas «disciplinas nas ciências sociais». Sem surpresas entre elas estão «direito, estudos sobre as mulheres, direitos humanos, sociologia, administração, filosofia …. psicologia e ciência política».
A presidente da Comissão Parlamentar de Defesa dos Direitos Humanos do Irão enviou uma carta ao Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, protestando contra a violação dos direitos humanos dos que se manifestam em França contra o aumento da idade da reforma.
Zohre Allahian, numa entrevista com repórteres iranianos condenou o tratamento dos manifestantes pela polícia francesa afirmando que o que se passou é «ilegal e viola as leis internacionais». Continuando com a total falta de vergonha na cara, a parlamentar de um país que foi palco há pouco mais de um ano de uma repressão brutal e mortal dos manifestantes da onda verde manifestou esperança de que as ONGs internacionais se esforcem mais no futuro em defesa dos direitos dos manifestantes franceses.
Após a sangrenta repressão dos reformistas iranianos, apareceram no YouTube músicas populares de resistência, rapidamente difundidas e partilhadas por milhares de iranianos. Poucos meses depois, a identidade do cantor deconhecido foi descoberta e Arya Aramnejad, um jovem cantor e compositor de Babol, foi preso por «acções contra a segurança do regime».
O que se passou é bem descrito no preâmbulo da petição que acabei de assinar: «During his most recent court hearing, he briefly described some of the physical and psychological tortures he was subjected to in prison. These abuses included being severely beaten upon asking for medical attention for his heart condition, being photographed naked, being forced to walk on floors covered with the blood of a prisoner with AIDS who had committed suicide. Mr. Aramnejad also received death threats from the Iranian revolutionary guards. Mr. Aramnejad’s wife, who has had no political affiliation with any organization, has been threatened with arrest in the event that Mr. Aramnejad refuses to comply with the government’s requests. Mr. Aramnejad has been released on bail and is facing heavy charges by the Iranian officials.» Mais informações sobre a barbárie podem ser encontradas no Facebook.