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jugular

um aldrabão (in)vulgar

a ver se nos entendemos: não tenho e deploro a tendência para colocar em dúvida a honestidade de alguém por dá cá aquela palha, sobretudo se político e se de uma área que não é da minha simpatia. mais, acho que os governantes devem ser julgados pela maneira como governam e pelas suas acções políticas, e não com base em episódios do seu passado ou da sua vida particular.

isto assente, deve ser óbvio que quando é a própria pessoa a vocalizar publicamente suspeitas sobre si própria, alegando não se lembrar se cometeu ou não crimes, para surgir, três dias depois, num clamor de inocência aviltada perante as suspeitas dos outros, a certificar que não só nunca em tempo algum fez aquilo que publicamente pôs a hipótese de ter feito como considera insultuoso que alguém o ache de tal capaz, estarmos perante um aldrabão com uma lata descomunal. lata suficiente, de resto, para depois de tão miraculosa recuperação de memória, garantindo ter passado um dia enfiado nos papéis, continuar a alegar esquecimento quanto ao valor recebido (ou reembolsado, como diz) nessas tais ajudas de custo, recusando sequer balizar ordens de grandeza.

dir-se-á que se passos tivesse dito desde logo que era inocente ninguém teria acreditado e o questionamento teria continuado. é verdade, mas mentir sobre a lembrança serve de quê, a não ser para juntar às suspeitas de ter cometido ilegalidades a certeza de que mente, colocando em causa seja o que for que a seguir diga? 

 

repare-se: passos nem sobre o seu estatuto de exclusividade na ar esclareceu, quando agora foi sobre tal questionado. um facto tanto mais difícil de entender quando por exemplo numa entrevista em 2009 garantia ter estado em exclusividade e ter saido da ar com uma mão à frente e outra atrás (os 60 mil euros do subsídio de reintegracao escolheu não mencionar), sendo que em 2010, no livro mudar, não só omite a sua passagem por uma suposta ong onde supostamente trabalhou a titulo gracioso como diz que tirou o curso de economia 'enquanto trabalhava na tecnoforma': tendo terminado o curso de economia em 2001, ano no qual, sustenta agora (como sustenta a própria empresa) comecou a trabalhar na dita. ou seja, ao escrever o livro, há 4 anos, passos fez equivaler o trabalho na cppc a trabalho na tecnoforma; agora sustenta que não tinha nada a ver. é, de resto, como alegar não ter 'sinais exteriores de riqueza' e ser 'remediado' para comprovar que não recebeu os tais 150 mil euros pelo trabalho na tecnoforma enquanto era deputado; mas se isso é prova de alguma coisa (para não falar sequer do facto de 150 mil euros não ser exactamente 'riqueza'), não o seria já antes de sexta para o próprio ter a certeza de não ter recebido? porque é que isso é um argumento de molde a convencer-nos na sexta e na terça não o convencia nem a ele? 

sim, é verdade: todos fazemos confusões, todos nos baralhamos, todos trocamos datas. mas de um candidato a pm que constrói o seu curriculo para a posteridade espera-se cuidado acrescido. ora cuidado, de facto, temos visto neste processo, mas não no sentido do rigor e da verdade. ter mentido, empatado e por fim tentado aproveitar o assunto para ganhar vantagem não chega, é claro, para o declarar culpado da recepção das quantias suspeitas -- era o que faltava, isto não é o tribunal da santa inquisição e a inversão do ónus da prova, que o seu psd e todo o parlamento à excepção do ps defenderam na criação do crime de enriquecimento ilícito, felizmente foi barrada pelo tribunal constitucional. mas que não é de molde a acharmos que é incapaz de o ter feito, ai isso não é certamente.  

 

última nota: que o secretário.geral do ps que se congratulou com o chumbo do tc à inversão do ónus da prova no dito crime, fazendo cair a lei, tenha no parlamento exigido ao primeiro-ministro que mostre as suas contas 'para provar estar inocente' é apenas mais um episódio na sucessão de figuras tristes, por vezes abjectas até, de seguro, que quis usar as suas intervenções no debate quinzenal como sessão de propaganda para as primárias do partido em vez de para questionar eficaz e ponderadamente o pm e levando uma abada de toda a oposição nessa matéria. 

 

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