Golpaça bispal em tempos de eleições
Na página da EMRC, Educação Moral e Religiosa Católica, é dada a boa nova aos docentes da disciplina, seleccionados pelas dioceses e isentos de qualquer tipo de concurso público: a chantagem dos bispos nacionais em vésperas de eleições surtiu efeito e a EMRC vai funcionar como uma porta do cavalo para o acesso à carreira docente.
De facto, na terça-feira, Valter Lemos apressou-se a satisfazer por despacho as reinvidicações bispais e a dar um passo para transformar as nossas escolas públicas em escolas confessionais tornando possível que um docente de EMRC - que volto a frisar não está sujeito a qualquer tipo de concurso público - leccione qualquer outra disciplina para que tenha habilitação. Mas se um determinado professor de EMRC tem habilitação para dar outra disciplina, porque não concorre em pé de igualdade com os restantes docentes aos respectivos grupos de docência? Porque se arrisca a ficar de fora ou a ser colocado numa escola que não dá jeito?
Quem é discriminado nesta história, quem pela beatice foi recompensado por um bispo qualquer com uma posição numa escola (que o mesmo bispo pode retirar se o docente não se «portar bem») e pode leccionar todas as outras disciplinas, ultrapassando pela religião os que não foram colocados, ou os docentes que acedem à carreira por concurso e apenas podem leccionar as disciplinas do grupo a que concorreram?
Porque cargas de água devem pessoas escolhidas a dedo pela hierarquia católica leccionar algo que não EMRC e ocupar funções que deveriam ser apenas ocupadas por quem se sujeita às agruras dos concursos nacionais?