Brincar aos políticos
Pinho era uma demissão adiada: podia ser excelente a vender Portugal, mas como político sempre foi um desastre. Não há muito mais para dizer sobre o caso Manuel Pinho: a cena no parlamento foi inadmissível (e algo infantil) e Sócrates fez bem em demiti-lo. Ponto final parágrafo. Não vou perder muito tempo com a hermeneutica da coisa. Esse papel cabe à oposição, para quem este acontecimento é um sintoma prenhe de significados políticos. Pois que capitalizem e chafurdem à vontade. Abriu a época de entertainment político, e aposto que o João Gonçalves vai escrever o post (a trivela) mais brilhante do compeonato. É uma estratégia potencialmente ganhadora, e pode ser que resulte. Para além do fogo de artifício que aí vem, uma coisa parece-me evidente: o caso Pinho é útil porque permite esconder o deserto de ideias que reina no PSD. Já sabíamos que o PSD não era imensas coisas; agora também sabemos que não é o Pinho. Porreiro, pá. Eu, se fosse do PSD, continuava a explorar o filão. Sempre se vai evitando o óbvio.
(Dir-me-ão: cada um faz o seu papel, e eu — que não quero que Ferreira Leite governe Portugal — faço o meu. Num certo sentido até é verdade, pois isto também é um jogo e a malta limita-se a representar a sua personagem. Mas isto não é só um jogo. Ou melhor, não devia ser)