Alguma confusão noticiosa sobre o que disse ontem no Campus da JS em Santa Cruz. A propósito de questões de igualdade defendi dois pontos. O primeiro sobre como compete à geração mais jovem ultrapassar a cisão revolução/democracia liberal que herdámos do período revolucionário de 74-75 e da "normalização" do 25 de Novembro. O segundo sobre como compete à geração mais jovem integrar a sério as questões de combate à desigualdade socio-económica e as questões de combate à desigualdade de base identitária - ultrapassando assim quer o primado da primeira em muitas teorias de esquerda e o primado das segundas no modelo norte-americano que tende a globalizar-se. A propósito disto quis deixar bem claro que as questões de igualdade identitária, nomeadamente LGBT, não podem ser vistas como propriedade da esquerda mais radical - que as introduciu de modo mais visível em Portugal (ao contrário de outros países). Elas devem ser parte de sectores mais alargados, peocupados com a democracia, os direitos humanos e a dignidade. Ainda bem - e digo-o sem qualquer problema e até com um bocadinho de orgulho pelo que fiz por isso - que o Bloco de Esquerda assumiu as questões de igualdade para lá da socio-económica. Esse facto jogou um papel crucial na divulgação do assunto na política portuguesa - papel que, aliás, também a JS jogou. Mas não pode ficar propriedade de nenhum partido nem ser necessariamente associado a um partido. Até porque, em última instância, a força reivindicativa reside nos movimentos sociais e associações que agregam as pessoas que directamente sofrem com as discriminações.
Reduzir isto a uma questão politiqueira entre o PS e o BE é coisa que não me interessa nem motiva. Até porque bem mais importante é denunciar o projecto reaccionário do PSD neste campo. (publicado 1º no Simplex).