Jornal de Sexta da TVI: a quem aproveita o cancelamento?
Ainda a notícia mal tinha aterrado e já os do costume diziam "o óbvio". Que, face ao enfado já manifestado por Sócrates em relação ao tipo de “informação” veiculada pelo Jornal de Sexta, a decisão de o cancelar reveste carácter político. Daí a pensar que Sócrates tem alguma coisa a ver com isto é um saltinho.
No entanto, mesmo os mais fanáticos concederão que esta é uma péssima notícia para o Partido Socialista, uma vez que, sendo aparentemente tão do seu agrado, não se livrará das suspeitas atrás enunciadas – de que esteve por trás do cancelamento.
Ora, o que raio levaria Sócrates a dar tamanho tiro no pé, levantando agora esta imensa poeirada? Nada, como é óbvio. A não ser que tivesse ensandecido. Provocar a troca de duas ou três edições do Jornal de Sexta, com mais do mesmo – ali trabalha-se em exclusividade temática –, por três semanas de “asfixia democrática” e de “ai Jesus que nos amordaçam” seria digno de um perfeito idiota.
Ouvi hoje, na TSF, que a TVI estava a passar um spot alusivo ao Jornal de Sexta, em que começava por se ver a famosa tirada de Sócrates em relação àquele tipo de telejornal – apelidando-o de "travestido" –, e se terminava (no spot) com a declaração de princípios de que a linha editorial do dito jornal não seria alterada – cito de memória e do que ouvi na rádio, posto que não vi o dito spot. Acordo com a Manuela Moura Guedes a dizer que "Só se fossem muito estúpidos é que me tiravam do ar!". Oiço agora a oportuna declaração de que haveria mais uma peça sobre o Freeport na forja. Há aqui muita coisa – demasiada! –, muitas contas a fazer e raciocínios a desenvolver.
Mas a questão fulcral é a de saber quais as razões que levaram a administração da TVI a tomar esta decisão a três semanas das eleições – exactamente agora, quando essa decisão só pode penalizar o PS e Sócrates.