josé pacheco pereira, antes de invectivar cavaco silva por preferir tentar salvar o couro que continuar a fazer campanha pelo psd (e deixando assim o josé pacheco pereira, a manuela ferreira leite et al sem chão para as acusações descabeladas que fizeram nos três últimos dias, o que, convenhamos, é chato), reflecte sobre os efeitos para o jornalismo da revelação do célebre mail de luciano consegui-mos alvarez. diz pacheco que a revelação é indiciadora de ausência de auto-respeito que os jornalistas têm pela profissão, exemplificando com o padre que revela o que ouviu em confissão. que pacheco pereira se tenha especializado nos últimos tempos em alcançar píncaros de desvergonha e desonestidade olímpicos é coisa que já dou, embora com assumida tristeza, de barato. mas que ainda por cima demonstre uma notável ausência de inteligência ainda me surpreende. ao ir buscar este exemplo, pacheco teria de o colocar assim: um católico está numa igreja e ouve alguém a confessar um homicídio (ou vários) ao padre. se o católico for à polícia denunciar o que ouviu, está a cumprir o seu dever enquanto cidadão, ou a cometer um pecado? que dever tem um católico de assegurar o segredo da confissão de um homicida ao padre? pense lá, dr pacheco pereira. se conseguir, claro.
joão, parece-me que é exactamente isso -- 'essa questão não se coloca da mesma forma consoante estamos a falar do depositario da informação dada sob sigilo (no exemplo, o padre), ou de um terceiro (um catolico que, por acaso, ouve a confissão na Igreja)' -- que o meu post diz. ou acha que a relação entre um jornalista e a sua fonte vincula outro jornalista? quanto à outra distinção que faz, vai desculpar mas é extraordinária.
Ou seja, podem revelar-se fontes jornalísticas desde que sejam as de terceiros. Isso é todo um tratado de jornalismo. O sigilo profissional, quer seja de advogado, jornalista ou, mutatis mutandis, de um padre católico, é a pedra de toque das referidas actividades. Que seja posto em causa por um dos seus pares ao abrigo de uma interpretação, no mínimo, peregrina do que seja o sigilo profissional/protecção das fontes é ...triste. O exemplo que dá, também ele digno de análise, só mereceria discussão séria caso o terceiro fosse, também ele, um padre católico. Quid iuris?
nuno, o exemplo de pacheco pereira é sobre os católicos. não leu? e depois, se se der ao trabalho de reflectir, há uma pequena diferença entre um padre e um jornalista e o entendimento q ambos têm do segredo profissional. é q o padre é obrigado de acordo com as suas regras a guardar segredo porque os segredos q lhe contam em confissão não lhe são contados a ele mas a uma instância superior d q ele é a representação. o padre não houve segredos para os revelar, é assim uma espécie de posto de escuta divino: a sua obrigação é para com deus e só deus o poderia em teoria desobrigar dela (sendo q na prática a hierarquia pode fazê-lo).
o jornalista recolhe informação para a passar ao público. assim, outro padre que oiça por acaso o segredo da confissão a um colega sentir-se-á obrigado ao mm segredo, porque trabalha para deus. o jornalista trabalha para o público e tem como obrigações primordiais o respeito pela sua consciência, pela verdade e pelo interesse do público e, já agora, pela dignidade do jornalismo. tem pois antes de mais q respeitar o público. não serve outros srs e muito menos os 'colegas'. os jornalistas não são uma seita. ou não devem ser, embora muita gente pareça vê-los como tal -- e, nessa medida, a comparação q jpp faz com os padres é muito significativa.
Parece-me que não fui eu que não li. Eu explico. No exemplo de JPP quem viola as regras é o padre. No exemplo do DN quem as terá violado foi o jornalista(s) responsável pela notícia. O católico está para o padre, como os demais jornalistas que acham que o DN fez muito bem estão para com o DN. É isto. De resto, nada tenho a apontar a uma versão que é apenas diametralmente oposta à que tenho do segredo profissional. É a vida. No fundo, é o tal jornalismo vale tudo, desde que em nome do superior interesse do público. A dignidade profissional depende do respeito pelas regras profissionais e deontológicas. Quando são os próprios profissionais que fazem tábua rasa das traves mestras do ofício não resta nada. Pode alegar que o jornalista tem que respeitar a sua consciência, o público, o que quiser. O que é facto é que não respeitando as regras base da profissão não respeita nada. O jornalista que tiver o "azar" de ser católico também está vinculado a essas regras que definiu, ou só responde perante deus?
nuno, vejo que não seguiu nada do meu raciocínio. a lógica da sua visão do segredo profissional, que suponho seguir a d pacheco pereira, é a dos que por exemplo dentro da polícia ostracizam os q denunciam crimes cometidos por colegas. a noção d q what happens in journalism stays in journalism. sucede q, caso ainda não se tenha entendido, para mais aquilo q o mail de luciano alvarez revela não tem nada a ver com jornalismo: tem a ver com intoxicação da opinião pública e manipulação política básica. ou seja, tem a ver com a fabricação de uma mentira e da sua divulgação com objectivos bem claros. defender q aquela obscenidade deveria ser mantida em segredo porque foi feita em segredo é um paradoxo tão delicioso quão deplorável.
Não há pior cego que o que não quer ver. Aliás perder muito tempo com este disparate é a ideia principal de JPP que aliás começa a ter de roer os calcanhares de Cavaco.
Fico intrigado sobre o real motivo do silencio de Belém, aliás o facto de Marcelo RS ter acertado no que iria suceder, o dito puxão de orelhas, é curioso. Porque será que JPP está aparentemente desinformado das vontades do grande pai dos laranjinhas ?
Pressinto que MRS sonha com voos mais altos ? estaremos a assistir a uma luta de morte dos senadores do PSD? muito bom, aliás recomendo a compra de pipocas , que pena MMG não ter o jornal nacional.