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jugular

portugal, 2009

confesso que pela primeira vez vi do início ao fim, ou se não do início ao fim pelo menos longamente, no vídeo que o daniel postou no arrastão, a cena ocorrida na inauguração pública na madeira em que a estrada foi vedada e os membros do partido da nova democracia impedidos de entrar. não tinha visto com atenção porque tenho visto pouca tv e porque, lamento ter de o reconhecer, já desenvolvi uma certa imunidade àquilo a que se chama ' a realidade madeirense'.

 

faço mal. e faz mal quem como eu sacuda o desconforto e a sensação de impotência que estas coisas causam preferindo tentar não as ver ou não as levar a sério. o que alberto joão jardim faz na 'sua' ilha é intolerável. estou-me nas tintas para o facto de ganhar eleições ou de ser popular porque canta, bebe, diverte as pessoas, invectiva 'o continente' e 'desenvolve' (com e sem aspas) a madeira. como qualquer outra parte do território nacional, na madeira aplicam-se as leis da república e a constituição, a polícia não está às ordens discricionárias de quem ganha eleições -- está às ordens da lei. os cidadãos não são discriminados e impedidos de entrar em espaços públicos em função das suas opções políticas ou da pertença a um partido, nem são agredidos por seguranças privados ou trolhas perante a passividade da polícia. isto não pode suceder em portugal perante câmaras de tv e não ter consequências -- a não ser que queiramos adoptar para todo o território nacional o epíteto de república das bananas.

 

como cidadã portuguesa, sinto vergonha daquilo a que assisti neste vídeo. e exijo aos que têm o dever de actuar -- a polícia, o ministério da administração interna, o procurador geral da república, a assembleia da república e o presidente da república -- que façam aquilo para que a constituição e a lei diz que servem: defender a lei e a constituição.

 

aquilo que está acontecer na madeira é intolerável. e quem neste país chama ditador a chavez, que também ganha eleições, ou clama 'fascismo' porque dois polícias foram a um sindicato fazer perguntas sobre uma manifestação ou um funcionário público levou um processo disciplinar por chamar nomes a um governante só pode, por coerência, chamar ditador a alberto joão e fascista ao seu modus operandi. tanto faz que as suas vítimas sejam de direita ou de esquerda ou de centro, azuis, encarnadas ou amarelas. têm exactamente os mesmos direitos que toda a gente, os que toda a gente no gozo pleno dos seus direitos civis tem: livre circulação, livre manifestação,livre expressão, discordância, protesto, resistência e integridade física.

 

aproveito para dizer que, como o daniel oliveira, espero que o pnd continue a resistir. e presto-lhe a minha homenagem. esta gente tem coragem e está a fazer uma coisa preciosa: combater pela democracia e pela liberdade, mesmo que isso implique ser agredido, injuriado, intimidado e ridicularizado. quem dera que houvesse, na madeira e no resto do país, mais gente capaz disso.

 

 

 

e agora vejam isto, por favor. esqueçam a música, que é péssima, e a letra, que é pior, e vejam bem. isto é o nosso país, no nosso país. não é 'a madeira'. é portugal.

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