Da falta de seriedade
"O Primeiro-Ministro Gasta três vezes mais no BPN do que na crise económica"
Francisco Louçã
Isto podia ser uma descrição, mas é uma crítica e, pior, uma acusação. Mas Louçã "esqueceu-se" de uma coisa fundamental: Sócrates não escolheu gastar três vezes mais no BPN do que na crise económica. Uma escolha implica liberdade — e a acusação de Louçã pressupõe que Sócrates podia e devia ter agido de outro modo. Mas Sócrates, tendo em conta que se estava em Outubro de 2008, limitou-se a responder a uma necessidade, e não tinha outra alternativa que não a nacionalização do BPN. Qualquer pessoa com responsabilidades executivas teria feito o mesmo. Aquilo que Louçã sugere ter sido uma escolha deliberada de Sócrates (leia-se: Sócrates preferiu ajudar a banca do que ajudar as pessoas) não é mais do que um resultado que decorre de uma necessidade. A táctica de Louçã é sempre a mesma — e é a acusação típica dos irresponsáveis, de quem nunca teve responsabilidades governativas. Em vez de fazer aquilo que se espera de um político — procurar, hoje, uma solução para o BPN — Louça optou pela guerrilha política.