memórias invertidas
nem vou começar a comentar esta coisa, aliás em nada nova vinda de onde vem. mas, for the record, eu também me lembro do josé antónio saraiva. ele era director do espesso e eu era estagiária. creio que isto se passou em 1986/87 e durante pouco tempo -- saí do espesso, onde ganhava à peça e muito mal, para uma revista do mesmo grupo que foi fundada em 1987/88, a elle, dirigida por tereza coelho, e onde integrei a redacção até sair para a grande reportagem, a convite de miguel sousa tavares, três anos depois. lembro-me, claro, muito melhor do sub-director vicente jorge silva e de joaquim vieira, que me ensinou muito do que então aprendi, do que de josé antónio saraiva. nunca me passaria pela cabeça, pois, considerar-me 'jornalista dele', até porque extraordinariamente já tinha, em tão tenra idade (teria 22/23 anos), e apesar de estar a dar os primeiros passos na profissão, uma opinião sobre ele parecida com a que tenho hoje -- e que o seu percurso recente, apeado do transatlântico espesso, veio tornar uma evidência para toda a gente.
mas, já que faz o favor de recordar a minha breve passagem pelo espesso e o que lá fiz, sou forçada a informar que nunca 'escrevi e assinei trabalhos a duas mãos com uma colega' -- era sim o caso de duas outras estagiárias que lá estavam na altura, e que tinham como eu vindo da universidade nova --; que nunca colaborei num programa da sic chamado 'sete à sexta' mas no 'esta semana', de 1996 a 2000; que nunca fiz parte de nenhuma equipa de programa, na sic ou noutro lugar qualquer, com comentadores residentes; que conheci o actual primeiro ministro enquanto ministro adjunto de guterres e responsável da área da droga numa entrevista efectuada em 1998 para a notícias magazine (revista do dn e do jn), entrevista essa que constituiu manchete do dn e que o espesso, como muitos outros media, amplamente citou.
que saraiva faz confusões sobre quase tudo já sabíamos, mas quando fala sobre questões tão concretas e sindicáveis seria conveniente tentar não debitar tantas inverdades. a não ser que, desenganado sobre a possibilidade de receber o nobel da literatura que em tempos, após a publicação do primeiro romance, anunciou estar para breve, esteja agora esperançado no nobel das porteiras.