I've a feeling we're not in kansas anymore
Hoje, na Sic Notícias, João Duque disse mais ou menos isto: o défice é terrível, não podemos aumentar mais a dívida porque ela está elevadíssima e o PIB está a cair. O que propõe João Duque:
1) Diminuir despesa?
2) Aumentar impostos?
3) Aumentar despesa tentando recuperar da crise?
Não creio que João Duque defenda reduções de despesa, pois isso agravaria a recessão e implicaria um aumento do desemprego — o que, convenhamos seria um problema não menos grave do que o endividamento público. Não sei se defende uma subida de impostos, pois não falou do tema. Também sabemos que não defende aumentar os gastos: estamos endividados e não podemos gastar mais. O que propõe, então, João Duqye? Nada. Limita-se a dizer que isto está horrível, catastrófico, apocalíptico — e isso basta.
A seguir veio António Nogueira Leite, que disse uma coisa muito curiosa: "as agências de rating já tinham alertado que isto estava terrível, mas, curiosamente, os mercados andam distraídos e os spreads face à dívida alemã continuam relativamente baixos". Mistério? Nenhum. Nogueira Leite explica: os mercados ainda não prestaram atenção suficiente ao nosso país, andam distraídos. Há aqui uma coisa que me intriga, sobretudo quando dita por um liberal. O que significa um mercado estar distraído? Não estamos a falar de taxas de juro — que não são totalmente determinadas por forças de mercado —, mas sim de spreads, talvez aquilo que mais se aproxima daqueles preços sábios que os liberais tanto endeusam.
A crise faz coisas estranhas ao conhecimento da economia...