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jugular

Haja boa fé 3

A Maria João já explicou de forma exaustiva o que tinha de ser explicado acerca da excisão feminina.

Eu continuo, como se vê pelo título do post, preocupada com outra coisa. Continuo preocupada com a boa fé das pessoas. Pessoas como o Rodrigo que com este post iniciou uma discussão que num país civilizado não deveria ter lugar. Como escrevi na caixa de comentários daquela coisa, o que me arrepia é a falta de honestidade intelectual e a indiferença com que se faz uma piada a partir de uma palavra - minarete - que lembra ao autor em vestes infantis aqueloutra palavra evidente que o atira para a desgraça humana que é a excisão feminina. O Rodrigo não pensou que houvesse grande reacção ao seu momento descomprometido e "giro" e deve ter cruzado os braços atrás da nuca a rir-se da confusão criada. É ver a malta a perguntar-se: "espera lá: será que há alguma relação entre a proibição dos minaretes e a proibição da excisão genital feminina?" É esse tipo de perguntas que num debate sério o escuteiro Rodrigo deveria evitar. Mas não: promove. E eu, na caixa de comentários daquela coisa, explico-lhe que ele sabe a resposta à sua provocação, falo-lhe de raspão dos limites da dignidade da pessoa humana, mas ele está-se nas tintas para a seriedade da coisa.

Agora, que a malta reagiu, lá vem o Rodrigo, com um tom sério, fingir que não percebeu a questão, e falar (com confusão) das diversas formas de discriminação da mulher - o que é que isso tem a ver com os minaretes e em que é que isso explica a tua piadinha, Rodrigo?

Agora, que alguém lhe soprou ao ouvido, i.e., na caixa de comentários, com a dignidade da pessoa humana, lá vem o Rodrigo, dizer, ah, pois é, e puxar da cartola, como se tivesse descoberto a pólvora, e como se a dignidade da pessoa humana tivesse alguma coisa a ver com os minaretes.

A questão, Rodrigo, é exactamente a dignidade da pessoa humana: nos sistemas constitucionais como o nosso, não permitimos quaisquer práticas culturais que atentem de forma manifesta contra a mesma. É o caso da excisão genital feminina, com a qual riste à farta.

A construção de minaretes em nada afecta a dignidade da pessoa humana, estás a ver? Coloca-se no plano da liberdade religiosa.

Estas confusões lançadas por quem tem a responsabilidade de ser lido dão cabo de mim.

3 comentários

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    Susana A. 02.12.2009

    Pronto, lá está. Parece que adivinhava que o comentário a aguardar aprovação ao mesmo tempo do meu seria de um homem a confundir as duas coisas. Isto é quase um caso perdido.
     
    De uma vez por todas - por mais dolorosa que possa ser a circuncisão masculina, esta NÃO TRÁS consequências posteriores à vida do homem, muito pelo contrário, parece ser até benéfica. É muitas vezes praticada até em ambiente hospitalar. Circuncisão masculina e mutilação genital feminina NÃO SÃO equivalentes!
  • Sem imagem de perfil

    Ricardo Alves 02.12.2009

    E onde é que eu escrevi que são equivalentes?

    A Susana é que estará mal informada: a circuncisão traz consequências «posteriores» à vida de um homem, e que não são necessariamente benéficas. Informe-se, por exemplo, sobre as razões reais da prática da circuncisão masculina nos EUA:

    http://www.springerlink.com/content/xw1163v97l271314/

    Sobre as disfunções que provoca:

    http://www.cirp.org/library/sex_function/

    http://www.cirp.org/library/sex_function/kim2006/

    http://www.newswise.com/articles/view/530874/

    Sobre os riscos mais imediatos que acarreta:

    http://www.canada.com/cityguides/ottawa/story.html?id=cb3b8281-4134-46ba-85d3-b076072bda75&k=25810

    Fiquei a saber que há mutilações sexuais «benéficas». Sim senhor. As piadas infantis do outro ainda têm alguma utilidade, afinal...
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