Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

jugular

Os ateus segundo o paternalismo de um crente

O padre João António Teixeira vem explicar aqui que os ateus são crentes ao contrário. Que, explica, é claro que o ateu "acha que a sua posição é racional, científica.  Ele acha que tem provas evidentes de que Deus não existe".

 A partir desta definição errada do ateu, o padre João António Teixeira avança por trechos poéticos convenientes e divaga por afirmações sobre a experiência que leva a deus ou à inexistência dele para concluir bondosamente que há quem não negue deus, mas a "nós", isto é, aos homens de deus, aos crentes, aos exemplos que se comportam como ateus, quando há ateus que se comportam como crentes (como se fosse deus a inspirá-los).

Conclui que ninguém está longe de deus.

Isto cansa.

O ateu, aquele que nega a crença na existência de deuses, seja um, seja mais de um, não parte do princípio que tem de provar cientificamente e racionalmente que não existe um deus ou que não existem vários deuses.

Pelo contrário, o ateu constata que não há nada de racional e de científico na crença que afirma, precisamente, a existência de tais divindades. Como facilmente se compreende, o ónus da prova não é do ateu, mas de quem afirma a existência de seres transcendentais.

O verdadeiro ateu - e não o poeta que está angustiado com a dúvida da fé -, sabe que a verdade das coisas se atesta pela demonstração e não aceita o salto (i)lógico do teísta que consiste em resolver uma dúvida para a qual a ciência ainda não tem resposta com a palavra deus.

Concretizando, já conhecemos explicações para muita coisa que se atribuía a deus, explicações essas que foram negadas como blasfémias e punidas com a morte, hoje pacificamente aceites. Afinal não era deus.  O ateu acredita nessa aventura interminável que é a busca de respostas para os mistérios do universo e da humanidade. Simplesmente, quando não obtém respostas não apela aos céus.

Por tudo o que aqui se explica, naturalmente não pode o ateu estar "desiludido" com deus ou com os crentes.

Essa afirmação resulta de um paternalismo recorrente que considera que para se ser ateu tem de se ter padecido de alguma maleita, no caso espiritual. Alguém fez mal ao coitadinho do ateu. O ateu está ferido com deus ou com o comportamento de alguns crentes que mais parecem ateus, esses malvados. Isto - pasme-se - quando até há ateus que se comportam "como se fosse Deus a inspirá-los".

Imagino que isto deva querer dizer que há ateus decentes. Agradecida.

2 comentários

  • Sem imagem de perfil

    Ricardo Alves 10.12.2009

    Senhor Entrecosto,
    se diz que acredita num deus, eu acredito que acredite. É comprovável que o Jairo acredita. Basta ler o seu blogue, ou as intervenções que faz em variados blogues sobre acreditar ou não acreditar, em que afirma que acredita.

    Mas se acredita na existência de «Deus», isso não confirma que «Deus» exista. Só comprova que o Jairo acredita. É necessário explicar qual é o «Deus» em que o Jairo acredita para podermos discutir se existe ou não. Por exemplo, se afirmar que o seu «Deus» criou o mundo em seis dias há seis mil anos atrás, teremos que analisar essa alegação. Que é falsa. Se afirmar que o seu «Deus» criou a espécie humana, em conjunto com as outras espécies (versão cristã evangélica) ou separadamente das outras espécies (versão católica romana), teremos que analisar essas alegações. Que são falsas. Finalmente, se alegar que o seu «Deus» se fez carne de um judeu da galileia aqui há dois mil anos, e que morreu-sem-morrer porque era «deus» e os deuses . não morrem, e «ressuscitou» em carne, temos que analisar essa alegação. Que é falsa. E assim sucessivamente.

    Se analisarmos cientificamente cada uma das alegações concretas da religião cristã (ou islâmica, ou cientologista, ou outra), ficamos com aquilo que já sabemos de ciência certa (tipo: há homens e há mulheres; há pessoas irascíveis e outras não), e refutamos os mitos fundamentais da religião.

    Dizer que «deus» ou a «fé» não são analisáveis pela ciência esta a tornar-se um artigo de fé.
  • Comentar:

    Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

    Este blog tem comentários moderados.

    Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.

    Arquivo

    Isabel Moreira

    Ana Vidigal
    Irene Pimentel
    Miguel Vale de Almeida

    Rogério da Costa Pereira

    Rui Herbon


    Subscrever por e-mail

    A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

    Comentários recentes

    • f.

      olá. pode usar o endereço fernandacanciodn@gmail.c...

    • Anónimo

      Cara Fernanda Câncio, boa tarde.Poderia ter a gent...

    • Fazem me rir

      So em Portugal para condenarem um artista por uma ...

    • Anónimo

      Gostava que parasses de ter opinião pública porque...

    • Anónimo

      Inadmissível a mensagem do vídeo. Retrocedeu na hi...

    Arquivo

    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2018
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2017
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2016
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2015
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D
    66. 2014
    67. J
    68. F
    69. M
    70. A
    71. M
    72. J
    73. J
    74. A
    75. S
    76. O
    77. N
    78. D
    79. 2013
    80. J
    81. F
    82. M
    83. A
    84. M
    85. J
    86. J
    87. A
    88. S
    89. O
    90. N
    91. D
    92. 2012
    93. J
    94. F
    95. M
    96. A
    97. M
    98. J
    99. J
    100. A
    101. S
    102. O
    103. N
    104. D
    105. 2011
    106. J
    107. F
    108. M
    109. A
    110. M
    111. J
    112. J
    113. A
    114. S
    115. O
    116. N
    117. D
    118. 2010
    119. J
    120. F
    121. M
    122. A
    123. M
    124. J
    125. J
    126. A
    127. S
    128. O
    129. N
    130. D
    131. 2009
    132. J
    133. F
    134. M
    135. A
    136. M
    137. J
    138. J
    139. A
    140. S
    141. O
    142. N
    143. D
    144. 2008
    145. J
    146. F
    147. M
    148. A
    149. M
    150. J
    151. J
    152. A
    153. S
    154. O
    155. N
    156. D
    157. 2007
    158. J
    159. F
    160. M
    161. A
    162. M
    163. J
    164. J
    165. A
    166. S
    167. O
    168. N
    169. D

    Links

    blogs

    media