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É importante existir o 31 da armada

Cada vez que se lê uma piadola homofóbica no 31 da armada, que aqueles marialvas, no seu mundinho fechado, estou certa, devem achar que não tem importância alguma, eu volto a ter presente, precisamente, a importância desta causa, a do acesso ao casamento civil por pessoas do mesmo sexo.

Recordo-me daquilo que é totalmente indiferente a pessoas como este rapaz, que nunca deve ter visto ou ouvido dizer de alguém morrer por causa da homofobia; que nunca deve ter parado na sua vida para pensar o que é que deve ser saber que a lei nos vê como criminosos em plenos anos oitenta; que nunca deve ter ouvido o choro compulsivo de um adolescente esmagado por uma família que não o aceita e que lhe diz és doente, como de resto se dizia oficialmente até há poucos anos; que nunca, espero que nunca, deve ter presenciado aquele morrer de amor que acontece a tantos, mas com a diferença de não poder ser partilhado em voz alta, acolhido nos braços da família, apaziguado e defendido por um acto público.

Cada vez que se lê uma piadola no 31 da armada, eu agradeço. Porque me recordo que há uma razão essencial para acabar com a homofobia legal. É que a homofobia existe. E cabe à lei, no caso de discriminações injustificadas, dar o sinal à sociedade, esse sinal que se chama inclusão.

Se a lei vier a ser promulgada, o Estado deixa de estar ao nível da ofensa gratuita que as palavras do Manuel Castelo-Branco encerram. E como essas, tantas que foram escritas no 31 da Armada, com as caixas de comentários devidamente ecancaradas e permissivas a todo o tipo de insulto pessoal, à homofobia mais furiosa. Não vou fazer nenhum link, por razões  evidentes. As ofensas eram dirigidas a pessoas concretas, como nome, portanto, e o 31 da armada descansado.

Falei com alguns membros daquela casa que não concordam com tal coisa, até já houve por lá um protesto contra um post, mas aquilo tem dono, que fazer?

Vem agora o Manuel Castelo Branco exibir talvez falsa ignorância, para fazer uma piadinha, referindo-se ao "flagelo dos casamentos gays clandestinos".

O falgelo, como expliquei, é outro, mas não o impressiona, claro. Este rapaz faz parte da raça dos que só se incomoda com o que o incomoda pessoalmente. Está visto que não é homossexual. Bom para ele?

Desconhece a irrelevância dos números, a importância de se ter uma lei que diz: tu não és anormal para o efeito. Desconhece, também, a importância da lei para o futuro, sim, para os gays e lésbicas que daqui a 10, 20, 30 40, 50 anos queiram casar.

E não faz uma estatística dos casamentos inter-"raciais" para os proibir de seguida. Quantos conhece em Portugal? São poucos, não são? Quer proibí-los, pelo seu maravilhoso e fascista critério da estatística?

Se eu acreditasse em deus, diria: deus conserve o 31 da armada, para que eu nunca me esqueça do por quê desta luta. E quanto a casamentos clandestinos, Manuel Castelo Branco, a expressão lembra-me mais a homofobia também existente em alguns gays, sobretudo da vossa área política e moral, que vivem o paradoxo de serem o que são e de abraçarem partidos políticos e mundos morais que os negam. São pessoas que querem que o casamento possa continuar a permitir-lhes uma clandestinidade de "vícios privados e públicas virtudes", na cabeça deles, claro, essa de de se ser homossexual e de se casar com pessoas de sexo diferente. Eles e vocês que gostam do mundo assim que não se preocupem. Vai continuar a ser possível.

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