O reverso dos suevo-godos
Texto de Anabela Rocha Alguma polémica tem levantado o cartaz do CDS para as autárquicas em Lisboa em função do perfil étnico aparentemente sugerido. Existe outra situação de contornos racistas igualmente em jogo que me faz mais comichão. Enquanto activista lgbtq e lésbica estou familiarizada com a linguagem do armário. De forma simples considera-se que está no armário alguém que seja homossexual e não o assuma publicamente. Além dos armários gostaria de falar nas vitrines. As vitrines seriam os armários para dentro dos quais todos podem olhar mas que todos fingem não ver. A própria pessoa vitrinizada ou no armário pode achar que ninguém sabe que ela vive assim. As questões racistas em geral são questões vitrinizadas na política portuguesa, nomeadamente quanto ao perfil dos políticos; todos fingem que elas não são importantes e não devem sequer ser mencionadas. É uma forma de menorização de questões de cidadania e de direitos humanos que me incomoda e envergonha. Voltando então ao ponto inicial interrogo-me como é possível que candidatos não brancos em país maioritariamente branco e com problemas de racismo, nomeadamente numa cidade tão diversificada como Lisboa, achem aceitável fazer campanha sem referir sequer estas questões e sem se posicionarem pessoalmente face a elas. Refiro-me, como é óbvio, a António Costa, o mais recente não branco vitrinizado da política portuguesa