Da mentira
A encenação de um casamento entre duas mulheres à porta da AR no dia 8 de Janeiro é o assunto deste post , onde se lê que a "instalação" foi realizada por «actrizes, pagas».
Deixando de lado o facto de apenas uma das participantes ser actriz de profissão (a outra é realizadora) fiz, num primeiro momento, um comentário onde dizia ao CAA que, não tendo lido a caixa de comentários, não sabia se alguém já o teria avisado que a Joana e a Raquel não iriam achar graça nenhuma à referência ao pagamento e que lhes iria perguntar directamente o que achavam.
Numa nota marginal a uma resposta à Joana Manuel, que entretanto veio à liça e que motivou o adendar do post inicial, o Carlos escreve «Mas o que me estava a preocupar, eram os comentários do Daniel Oliveira e da Ana Matos Pires já que se insinuava que eu teria faltado à verdade – não o fiz, como ficou demonstrado», ao que lhe respondi «O Carlos vai desculpar-me mas objectivamente não insinuei o que quer que fosse, limitei-me a informá-lo que iria averiguar da veracidade do pagamento da acção junto da Raquel e da Joana. Foi isso que fiz e, como diz a Joana nesta cx de comentários, tal era mentira e, portanto, o Carlos “faltou à verdade”, ponto.». Retorquiu o CAA (sublinhados meus) «No meu comentário n.º78 elucidei, penso que razoavelmente, a impressão com que fiquei acerca da reportagem da TV que motivou a minha posta.
De facto, reparei quando a consegui voltar a ver, não se diz explicitamente nessa reportagem que existiu umr pagamento como contraprestação do número que se estava a representar – mas, no entanto, a impressão do destinatário não se pode quedar neste ponto.
Em boa verdade, todo o contexto envolvente, e, designadamente, o facto de se afirmar que se tratavam de actrizes e da sua necessidade pela indisponibilidade de casais gay para a função (bem sei que a Joana Manuel explicou o contrário, depois) permitia a um intérprete razoável, diligente e medianamente capaz, depreender legitimamente que teria existido uma contraprestação de qualquer tipo e não uma representação gratuita ou militante.
Eu não minto, Ana Matos Pires».
Vamos por partes, então.
Desde logo esclareço que partilho com a João o comentário aqui deixado, que passo a transcrever «Apesar do CAA ter adendado o post acho incrível q em vez de um repúdio às informações veiculadas pela RTP, o Carlos se tenha limitado a dizer q a informação q a Joana lhe prestou "desdiz parte da informação de que parti" (bold meu)». Lamento, portanto, que não tenha surgido uma terceira nota onde o CAA clarificasse ser falsa a informação por ele veiculada, segundo a qual teria havido "um pagamento como contraprestação do número que se estava a representar".
Diz o Carlos que "a impressão do destinatário não se pode quedar neste ponto.". Porquê, pergunto eu, sendo que esse foi exactamente o ponto ao qual reagi. A legitimação da legitimidade de depreender o que quer que seja daquela peça jornalística, de qualidade informativa deplorável, parece-me completamente irrazoável e não iliba o Carlos da necessária rectificação da informação falsa que passou - refiro-me, naturalmente, ao "pagamento" das "actrizes".
Para terminar, não percebo esta afirmação do CAA "Eu não minto, Ana Matos Pires". A mentira pode vir embrulhada de diferentes formas, pode, até, não ser propositada, mas não deixa mesmo assim de ser mentira. Se passar informação falsa não é mentir é o quê?
Nota pessoal: Não é por acaso que existem as escalas L (de mentira) em muitos instrumentos psicométricos de avaliação da personalidade, Carlos, porque na verdade todos mentimos, ó pra mim em acção: este seu outro post é fantástico, adorei, achei de uma nobreza e de uma frontalidade indizíveis, isto para já não falar das mais valias que traz à discussão do tema...