de vez em quando até concordo com o prof
Ontem, na sua prédica dominical, Marcelo Rebelo de Sousa disse algumas coisas óbvias sem entrar na histeria generalizada do 'fascismo voltou' que por aí galopa. Frisando que não concorda com a utilização de serviços públicos para palco de luta partidária/política, Marcelo considera que a exoneração da directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho é claramente desproporcionada em relação ao facto que a determinou. A crer nas versões que tem vindo a público, a directora do Centro de Saúde terá repreendido o médico e mandado retirar o cartaz. Terá recusado colocar-lhe um processo disciplinar, o que determinou a sua exoneração. Marcelo disse duas coisas certas: que a repreensão verbal e a retirada do cartaz eram as coisas a fazer naquelas circunstancias e que se o ministro não gosta de ser confrontado com os disparates que diz, melhor evitar dize-los De facto, não faz qualquer sentido colocar um processo disciplinar a um médico porque fotocopiou uma entrevista disparatada de um ministro e resolveu comentá-la. Faz sentido, quanto muito, dizer-lhe que não deve usar as instalações públicas para esse efeito. E é bom que fique claro que em toda esta história (e na da DREN) a confusão entre o que é serviço público e o que é luta partidária é muito reveladora do estado da democracia portuguesa: tanto revela défice nesse aspecto o militante do PS que faz a denúncia e a secção local que, alegadamente, pressionou a hierarquia da saúde para 'correr' com a senhora, alegando ser esta casada com um representante do PSD (e portanto, presume-se, PSD ela também, que a malta sabe que os casais tem de ser do mesmo partido, claro, nem outra coisa se admite) e o ministro que a exonera como o médico, parece que do PCP, que acha que o centro de saúde é uma espécie de centro de debate político. E assim tão difícil perceber que a partidarização das estruturas públicas básicas é uma coisa obscena? Que já é tempo de sermos todos crescidinhos? Apre.

