Estranhas noções de democracia
Nos últimos tempos tenho sido supreendida pelas estranhas noções de democracia de demasiadas pessoas. E não me estou a referir apenas a esta afirmação extraordinária de Rush Limbaugh que, «apesar de terem terem maiorias expressivas na Câmara (dos representantes) e no Senado», os democratas «estão a governar contra a vontade do povo». Ou aos malaios muçulmanos que consideram que apenas a maioria pode usar determinadas palavras e os outros têm de respeitar, à força se necessário, esse direito.
Por cá, todos nos apercebemos de que a democracia é um conceito fuzzy para os que afirmam ser uma «ferida democrática» não se referendar os direitos das minorias. Como é óbvio, não há nenhuma motivação democrática neste desejo de limitar os direitos das minorias há apenas uma vontade de impor a todos os seus preconceitos e crenças. O mesmo desejo daqueles que afirmam que, num país democrático e laico, é não só normal como desejável a alocução na televisão pública do cardeal patriarca porque «quando a maioria acredita em algo, seja esse algo o que for, não são a minoria que dita a regra. Ah, coisa que por acaso dá pelo nome de Democracia, conhece?» Conheço pois! Aliás, esse tipo de sentimento pode ser apreciado em todo o seu esplendor no Uganda, onde a maioria cristã quer condenar à morte os homossexuais e onde a maioria responde desta forma às pressões, muito suaves, da maioria cristã norte-americana que inspirou a lei:

