marat point
A propósito disto que o Vasco diz e da contra-argumentação da Shyz, devo dizer que em Fevereiro de 2005, estando na Austrália na altura da final do Open, assisti, em Sidney, no meio de uma enorme multidão de australianos aglomerada nas escadas da ópera em frente a um ecrã gigante, ao duelo entre o russo Marat Safin e um rapaz da terra cujo nome não recordo. Olhando para as fotos de Safin publicadas no seu site oficial nem percebo bem porquê, mas eu e os meus dois amigos portugueses achavamo-lo lindo de cair (acho que era porque usava na altura uma barbicha que disfarçava aquela cara redonda de rapaz do campo e porque tinha fama de bad boy, o que no meu caso faz maravilhas).E resolvemos, com combinação e tudo, ir para o meio das centenas -- ou milhares, mesmo -- de kiwis gritar por Safin, apostando que o nosso português, que em todo o lado soa a russo, nos faria passar por eslavos sem pavor. E lá nos pusemos a berrar pelo bom do Safin. Empolgados por ninguém perceber o que diziamos, fomos particularmente refinados. "Quero ter um filho teu, marat", gritava o meu amigo, desvairado, enquanto eu e a minha amiga berrávamos "ganha-me mas é essa merda, ó Safin". O mais engraçado é que rapidamente nos descobrimos rodeados de italianos e espanhóis, que acharam graça e começaram também a torcer por Safin. Perto do final, já éramos umas dezenas de safinenses, perdidos de riso com as palavras de ordem cada vez mais descabeladas do meu amigo (que, por acaso, nunca mais vi desde que partiu para Tuvalu). Ainda por cima, o Safin ganhou. E nós saímos dali sem uma beliscadura ou sequer um insulto -- o que tem o seu quê de extraordinário. (ah, e quanto a fenótipos e ao russo em particular, Vasco, o Marat é moreno que se farta. E o australiano, coitado, era lourito)

