Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

jugular

Responsabilidade e bom senso

Em Novembro do ano passado, quando um inocente relatório do Banco Central Europeu denunciava os frequentes equívocos dos reportes orçamentais do governo Grego, poucos acreditariam nas implicações económicas que os países da periferia do Euro estão hoje a sofrer. Até há umas semanas atrás, o discurso conservador das agências de rating era ignorado pelo mercado de capitais. Na altura era justo afirmar, tal como o fizeram muitos economistas, que políticas orçamentais de promoção do investimento público asseguravam a prazo o desígnio de suster a forte crise económica que começou no início do ano de 2008 e que afectou fortemente os resultados da maior parte das economias no ano de 2009.

 

No entanto, o problema Grego e a violenta reacção dos mercados financeiros a contas falseadas, lançou a dúvida sobre a unidade do euro. A intransigência do BCE sobre a política de de elegibilidade dos colaterais sublinhou a dúvida: poderá a Grécia sair do Euro? E se pode sair a Grécia, porque não outros? Compreende-se que perante este tipo de dúvidas, os mercados facilmente  deixariam de vender o Euro para mais eficazmente atacar (especular) sobre a saída dos mais fragilizados da zona Euro, vendendo dívida daqueles com menor peso político e com contas mais frágeis dentro da União Monetária.

 

Portugal é um alvo fácil. Mas não é a Grécia. Um deficit previsto para 2009 de 8,3% não compara com os 13,3% da Grécia. O deficit ajustado do ciclo económico é, segundo estimativas de gente ilustre, metade do Grego (3.5% vs 7%). A dívida pública está muito longe dos 130% da Grécia. Mas igualmente importante é o histórico recente dos 2 países. A consolidação orçamental que Portugal conseguiu até 2007 (2.7%) não se verificou na Grécia que assistiu a um aumento do deficit no mesmo período de 5% para 7,7%. Já fizemos a reforma da Segurança Social e consta que a Grécia tem nesse ponto um grande problema para resolver.

 

Dito isto, não devemos, nem podemos, ficar indiferentes à actual conjuntura. Portugal está, como nunca esteve num passado recente, a ser escrutinado pelos mercados financeiros e pelos agentes económicos que nos compram a dívida necessária para manter os investimentos do estado, os bancos a emprestar dinheiro e as empresas a financiar os seus projectos. Temos que reagir com um compromisso de maior conservadorismo fiscal e admitir que na actual conjuntura perderemos alguma da nossa soberania orçamental. Sendo Portugal um dos poucos países da zona Euro a viver com um governo de maioria relativa, é importante que a aprovação do orçamento seja ratificada, como se espera, por uma maioria clara. É um sinal importante, não suficiente mas necessário. Uma questão de responsabilidade e bom senso.

1 comentário

Comentar post

Arquivo

Isabel Moreira

Ana Vidigal
Irene Pimentel
Miguel Vale de Almeida

Rogério da Costa Pereira

Rui Herbon


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Comentários recentes

  • f.

    olá. pode usar o endereço fernandacanciodn@gmail.c...

  • Anónimo

    Cara Fernanda Câncio, boa tarde.Poderia ter a gent...

  • Fazem me rir

    So em Portugal para condenarem um artista por uma ...

  • Anónimo

    Gostava que parasses de ter opinião pública porque...

  • Anónimo

    Inadmissível a mensagem do vídeo. Retrocedeu na hi...

Arquivo

  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2018
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2017
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2016
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2015
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2014
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2013
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2012
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2011
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2010
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2009
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2008
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2007
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D

Links

blogs

media