Do baú a propósito de publicidade, sexualidade, sexismo e estereótipo
Algumas de nós estamos sempre a dizer o mesmo, é o que se comprova ao ler um texto já antigo da Inês. Eis um excerto (mas vão ler tudo, sff):
"(...)a ideia de que estas imagens ofendem a mulher, a “utilizam” e “degradam”, porque a “transformam em objecto sexual”. Perdão? Transformam? Eu julgava que éramos todos, homens e mulheres, sujeitos e objectos sexuais, graças a deus, muito obrigada. Como mulher e feminista, ofende-me o conceito de que tudo o que tem a ver com sexo é do interesse masculino, ergo mulheres retratadas em situações sexuais estarão apenas a ser usadas pelos homens. Mostrar o corpo feminino como algo de belo e desejável, só pode parecer mal a quem tem saudades de outros tempos, dos tempos do recato e do controlo público sobre as mulheres. Dos tempos em que mulheres que mostravam (ou usavam) o corpo não mereciam respeito. Em que uma mulher publicamente sexualizada era uma mulher, de alguma forma, menor. Este discurso parece-me errado, do ponto de vista feminista, em toda a linha. Em primeiro lugar, reproduz esta noção da mulher como objecto passivo e desinteressado da sexualidade. Depois, sustenta que a imagem pública do corpo feminino deve ser objecto de um controlo específico, deve ser limitada por outra coisa que não a livre vontade das próprias mulheres. Mantém a ideia de censura – e nenhum discurso que se queira ligado a valores de libertação, seja o feminismo ou outro qualquer, se pode basear num conceito próprio de quem se vê como regulador iluminado da vida dos outros. "