O Zé Tó
Depois do adiamento por razões de estado (as in "estado" da megalomania habitual) da licença-para-disparatar, esperava no mínimo um golpe, em directo, ao dito das tais razões. Afinal, a montanha pariu um rato: foi mais uma espécie de confissão de sacrílego. Ouvido ontem de manhã na Comissão Parlamentar de Ética, o ex-Director do Expresso, ora chefe de um jornal angolano (olhó racismo, ó Cabrita) também vendido em Portugal, confessou que, na publicação das escutas (arremedo de, digo eu), usou de "uma certa noção de pudor".
Em rigor, afiançou que "temos uma certa noção de pudor" — foram estas as palavras. Parece que a "certa" noção de pudor que buliu com o futuro Nobel terá tido a ver com uns caralhos e uns filhos-da-puta (conas da tia?) atirados pelos escutados e que o Zé Tó decidiu não afixar. Uma certa noção de vergonha levou o eterno filho e sobrinho a não publicar umas caralhadas, portanto. Pena que o rubor moral não tenha sido total. Por menos uns kwanzas, o Estado de Direito (o Português) teria sido menos metralhado. Não vá o diabo tecê-las, afianço que isto não é uma tentativa de intimidação. Portanto, chefe, se te voltarem a chamar à Estrada da Cartuxa, isso é, estou certo, pró teu bem.