Luta de classes à Portuguesa
No Diário Económico de hoje, Carvalho da Silva, secretario geral da CGTP, deu uma entrevista muito esclarecedora. Diz que a greve geral que se aproxima é uma "preparação para a ampliação da luta". Da luta, não da negociação, que essa deixou de ser uma prioridade para este sindicalista cuja agenda é determinada pelo PCP, não pelos trabalhores cujos interesses devia representar. Carvalho da Silva fossilizou-se e rege-se por um esquema mental típico do século XIX. Instado a comparar os (fracos) resultados de Portugal nestas matérias com países como a Irlanda, Carvalho da Silva responde: são países com culturas diferentes. Pois. Não se percebe se é desculpa se é justificação. Mas uma coisa é certa: enquanto imperar a cultura de "ampliação da luta" definida pelo comité central do PCP, quem perde são os trabalhadores — e o país, já agora. E depois admiram-se que a taxa de sindicalização em Portugal seja das mais baixas da Europa.