brigada do cilício goes to the market
nunca entendi os motivos de uma lei (ou lá o que é) que impede a abertura dos hipermercados e grandes supermercados ao fim de semana. os motivos alegados a época (creio que do governo de antónio guterres) foram 'a protecção do comércio tradicional' e 'a protecção da família' e outras coisas que tais. em grande destaque na luta pela proibição de abertura esteve a hierarquia da igreja católica portuguesa, preocupadíssima coma possibilidade de os seus 'fiéis' preferirem ir comprar pescada congelada e douradinhos para o hiper em vez de ouvir o pároco na missa. agora, o assunto volta a ser debatido, por via da existencia de uma petição de 250 mil assinaturas que solicitam a reapreciação da medida. ouvi dizer (creio que na tsf, mas posso ter percebido mal) que o secretário de estado da tutela já teria dito ser favorável a alteração. a idiotice da medida é tão gritante que custa a crer como foi possível tomá-la e mante-la. até admira que ninguém tenha proposto que se fechassem os centros comerciais, os aeroportos, as estações de comboios e, já agora, as tvs e os jornais ao fim de semana, para que 'os portugueses' pudessem conviver com a família e comungar e essas coisas todas. a conferencia episcopal ainda não veio fazer, nesta matéria, as suas doutas recomendações ao governo. mas pela blogosfera fora, pasma-se: então não é que a brigada do cilicio resolveu fazer campanha pela abertura das grandes superfícies, contra a opinião dos pais espirituais? das duas uma: ou resolveram fracturantemente auto-excomungar-se, planeando passar os santos domingos a encher os carrinhos de vitualhas e gulodices e quiçá até dvds incluindo cenas de nudez, ou desconhecem estar, na sua cruzada, a ir não contra só contra o horripilante e totalitário dirigismo do estado como, sobretudo, contra 'a família tradicional' e 'o culto do senhor' e assim. credo: deve ser terrível ser-se fracturado entre a apologia do free market e a crença na infalibilidade da santa madre. uiui. até tou com pena vossa, rapazes.se calhar vão ter de apertar o cilício mais um cachichinho. (just in case: assinei há muito a petição em causa. parece-me um pouco curto o número das assinaturas -- esperava muitas mais)