A ressalva do rescaldo
Kathryn Bigelow ganhou o Óscar para Melhor Realização e o pior são alguns comentários do dia seguinte, escritos portanto no dia 8 de Março.
O comentário de Luís Miguel Oliveira no Público (que na capa noticia "A primeira vez de Kathryn Bigelow"), ajuda a explicar porque é que uma mulher não tinha ganho antes: "é a vida". Ah bom.
Aliás, "não há que choramingar" (que isso, pensando bem, é coisa de gaja ou então de maricas), mesmo porque "já na pintura, durante séculos, foram os homens que pintaram as mulheres". Diz que "ninguém é especialmente culpado por há cento e tal anos o cinema se ter organizado de uma maneira simples: os homens atrás da câmara, as mulheres à frente." Uff, não haverá um processo em tribunal, portanto - e afinal podemos tod@s dormir descansad@s aceitando e quiçá agradecendo estas posições naturais de homens e mulheres face às câmaras.
Já Eurico de Barros no DN escreve um artigo decente até à ressalva final: Bigelow consegue este feito "sem nunca deixar de ser feminina". Quase que se consegue ouvir Bigelow a dizer "Eu não sou feminista, sou feminina". Enganosa glória.