A essência e a aparência
Como em quase tudo, a via repressiva raramente é a melhor maneira de solucionar um problema; mascara mas não resolve nada. Vem isto a propósito da mais recente medida adoptada pelo PSD: proibir as críticas à liderança nos dois meses anteriores às eleições Toda a gente sabe que o PSD é um enorme saco de gatos e um partido especializado em triturar líderes recém eleitos. Mas o clima de permanente guerra civil não é um problema que precisa de ser contido/reprimido/proibido, é um sintoma de outra coisa, mais séria, mais profunda e que não vai lá com medidas desta natureza.
O PSD é o que é porque não tem sido nada para além de um aglomerado de facções hiper-fulanizadas, sem nada que se assemelhe a uma ideologia, cujo único objectivo é a obtenção do poder. Daí a impaciência com que quem não está inteiramente alinhado com a direcção encara tudo o que não aponte para o sucesso imediato de um líder. Quando não existe nada que se assemelhe a uma linha ideológica, o conflito é inevitável. Aqui concordo com o André Freire: um projecto político não passa pela eleição de um chefe; passa, ou melhor, devia passar, por uma refundação do partido, que, mais do que querer ganhar, deve procurar dizer aos portugueses (começando pelos seus militantes e simpatizantes) o que é o caracteriza e o que é que o distingue dos demais partidos.