Não soltem os da caixa de comentários
Confesso que tenho medo — mesmo medo! — de encontrar algumas das pessoas que têm passado a tarde a despejar lixo nesta caixa de comentários. Concluo, sempre cheio de medo, que a caixa de comentários em questão é um belo retrato da sociedade portuguesa — da qual eu também tenho medo. Tenho medo, dizia, de todos aqueles que acham que a polícia tem legitimidade para sacar duma arma só porque um tipo não pára numa operação STOP — sublinhei o "só", não sei se repararam. Só, unicamente, apenas, tão-só, meramente.
Tenho medo dos defensores do “quem anda à chuva molha-se”. Há por ali quem entenda que o facto de eu resolver violar uma norma jurídica cujo limite máximo da moldura penal é de 2 anos ou multa até 240 dias (isto já na versão qualificada) – refiro-me ao crime de desobediência — é causa justificativa para me ser enfiado um balázio nas costas. E daí, talvez não, porque não sou preto. Porém, o meu nariz é o mesmo da raça de gente que dava chama ao Rossio, aqui há atrasado, o que talvez volte a justificar o balázio.
Note-se que este post não alude ao comportamento do senhor polícia que resolveu atirar a direito, pensado talvez que o céu é sempre em frente — disso já a f. falou. Até pode ter tropeçado, o homem — dou de barato para efeitos de raciocínio. Não é esse o ponto, agora. A minha repulsa vem tão-só de me esfregarem na cara o tipo de gente em que nos estamos a tornar.
A partir deste instante, aliás, tenho justo receio que aquela malta saia daquela caixa de comentários e desate aos tiros aqui pelo blogue. O que vale é que os dois neurónios que ocupam as caixas cranianas de grande parte dos comentadores em questão nem sequer lhes terá permitido perceber que isto é um blogue. Foram direitinhos ao post em questão e por lá ficarão fechados a marrar contra as paredes, como irónico retrato do cobardes que são.