Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

jugular

Volta Marx, estás perdoado

Uma das coisa mais insuportáveis nos partidos à esquerda do PS é o seu moralismo puramente acusatório e a irresponsabilidade da maioria das suas posições. Para o Bloco e o PCP cada drama, cada injustiça, cada sofrimento humano dá automaticamente direito a um direito. Quem ousar mexer em certos direitos "adquiridos",  torna-se num ser perverso e diabólico. É preciso deixar uma coisa bem clara: não pode haver direitos adquridos sem atender às condições de possíbilidade dos mesmos - e isto não é uma opção ideológica, é uma fatalidade inultrapassável.

 

Mas o Bloco e o PCP vivem noutro mundo, não conhecem o princípio da realidade (só o do prazer), desprezam o pragmatismo e concordam com Zizek: sejamos realistas, exijamos o impossível! A partir do momento em que se adopta esta perspectiva, a escassez de recursos e a necessidade de se fazerem escolhas ou são irrelevantes ou são invenções da direita neoliberal. Só falta mesmo o enxofre para o quadro ficar completo.

 

Tudo isto a propósito da histeria sobre o novo regime do subsídio de desemprego. A posição do Bloco e do PCP é muito simples: o novo regime é inaceitável porque é mais restritivo. Ponto final. Mas afinal o que propõe o PS? Basicamente o seguinte:

 

a) revisão da relação entre o subsídio de desemprego e a remuneração líquida anteriormente auferida pelo trabalhador

b) diminuição do nível de salários oferecidos que obrigam à aceitação do subsídio de desemprego

 

Não é possível avaliar da justiça destas medidas sem atender a alguns factos. Portugal é um dos países da OCDE onde a diferença entre o subsídio de desemprego e a remuneração líquida anteriormente auferida pelo trabalhador é menor. Num contexto de desemprego elevado, como o actual, não repensar o regime de subsídio de desemprego implica pôr em causa a própria sustentabilidade financeira desta prestação social, pelo que a proposta do PS é do mais elementar bom senso. Podemos, é certo, discutir como pomos estes princípios em prática, podemos também discutir como distribuimos os sacrifícios; enfim, podemos discutir muita coisa - só não podemos é negar que algo semelhante a isto é necessário. Mas a irresponsabilidade do Bloco e do PCP tornam impossível que este debate se faça à esquerda. É triste - e quem perde é a própria esquerda portuguesa. Tudo isto é trágico. E o maior problema é que nem o Bloco nem o PCP são capazes de lidar com o conceito de tragédia. Mas isso é outra história. Ou talvez não.

20 comentários

Comentar post

Pág. 1/2

Arquivo

Isabel Moreira

Ana Vidigal
Irene Pimentel
Miguel Vale de Almeida

Rogério da Costa Pereira

Rui Herbon


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Comentários recentes

  • f.

    olá. pode usar o endereço fernandacanciodn@gmail.c...

  • Anónimo

    Cara Fernanda Câncio, boa tarde.Poderia ter a gent...

  • Fazem me rir

    So em Portugal para condenarem um artista por uma ...

  • Anónimo

    Gostava que parasses de ter opinião pública porque...

  • Anónimo

    Inadmissível a mensagem do vídeo. Retrocedeu na hi...

Arquivo

  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2018
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2017
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2016
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2015
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2014
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2013
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2012
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2011
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2010
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2009
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2008
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2007
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D

Links

blogs

media