nós e eles (ou a outra face, parte 2)
'de acordo com várias sondagens, 22% dos americanos estão certos de que jesus irá descer a terra algures nos próximos 50 anos. outros 22% acreditam que é provável que o faça. estes são provavelmente os mesmos 44% que vão à igreja uma vez por semana, que acreditam que deus prometeu literalmente a terra de israel aos judeus, e que querem deixar de ensinar as crianças os factos biológicos da evolução. este tipo de crentes constitui o segmento mais coeso e motivado do eleitorado americano. consequentemente, as suas visões e preconceitos influenciam hoje quase todas as decisões de interesse nacional. os políticos liberais parecem ter retirado as lições erradas destes desenvolvimentos e começam agora a debruçar-se sobre as escrituras, tentando escolher a melhor maneira de cair nas boas graças das legiões de homens e mulheres do nosso país que votam essencialmente com base no dogma religioso. mais de 50% dos americanos tem uma visão "negativa" ou altamente "negativa" das pessoas que não acreditam em deus; 70% pensam que é importante que os candidatos presidenciais sejam "altamente religiosos". Como é tabu criticar as convicções religiosas das pessoas, o debate político sobre questões de interesse público (investigação em células estaminais, implicações éticas do suicídio assistido e da eutanasia, obscenidade e liberdade de expressão, casamentos homossexuais, etc) tende a construir-se em termos próprios de uma teocracia. a irracionalidade encontra-se agora em plena ascensão nos eua -- nas escolas, nos tribunais e em todos os departamentos do governo federal. só 28% dos americanos acreditam na evolução; 72% acreditam em anjos. um tal grau de ignorância, concentrado quer na cabeça, quer na barriga de uma superpotência trôpega, é hoje um problema para o mundo inteiro.' (sam harris, em 'o fim da fé/ religião, terrorismo e o futuro da razão',2004/2005 -- edição em português da tinta da china, 2007)

