Vitória surpreendente do Iraqiya
Os resultados das eleições do passado dia 7 foram finalmente divulgados e, numa reviravolta inesperada, o partido secular liderado por Iyad Allawi, primeiro-ministro, seis meses, nos tempos do procônsul americano Paul Bremer, obteve o maior número de votos. O Iraqiya terá conseguido 91 lugares no Parlamento seguido de perto pelo partido Estado de Lei, o grupo predominantemente shiita dirigido por Nouri al-Maliki, o actual PM, com 89 lugares.
Não obstante a vitória surpreendente do único partido secular num país marcado nos últimos anos por insurgência religiosa, Allawi não tem votos suficientes para governar sózinho e será necessário encontrar parceiros, com pelo menos 72 lugares, para uma coligação. Allawi fez uma breve aparição na televisão iraquiana assegurando que estenderia «as mãos e o coração» a todos os grupos que participaram nas eleições que se espera ajudem a pôr termo a uma guerra de dura há sete anos. «Para todos os que querem e desejam participar na construção do Iraque, todos juntos enterraremos o sectarismo e o regionalismo políticos» acrescentou.
Mas as reacções dos outros partidos mais votados prenunciam que esse apaziguamento pode ser muito complicado de conseguir. De facto, o actual PM já declarou que não aceita os resultados e prepara neste momento uma fusão com a Aliança Nacional Iraquiana (INA), que reúne os grupos islâmicos shiitas do Islamic Supreme Council no Iraque e o movimento sunita de Moqtada al-Sadr. O INA obteve 70 lugares na eleição e o sucesso da negociação resultaria no bloco mais numeroso no parlamento. Ou seja, como refere o correspondente da BBC em Bagdad, Peter North, há receio de que os resultados possam dar início a uma nova onda de violência.

