A Igreja na Cruz,
por Valupi. Muito bom.
Um excerto: "Aqueles que consideram mais graves os casos ocorridos na Igreja do que numa instituição secular, ou na família, passam por entre as gotas da chuva porque não são obrigados a justificar a sua indignação selectiva. É que para se atribuir maior gravidade tem de se outorgar maior responsabilidade – e qual seria ela, uma responsabilidade religiosa?… Qualquer vítima de um membro, ou grupo, da Igreja Católica pode apresentar queixa às autoridades civis. O Estado fornece todos os meios para fazer valer os direitos dos cidadãos. O poder secular esmaga o poder religioso. Todavia, se a Igreja não é mais do que qualquer outra entidade cívica, também não será menos. A sua cultura deve ser respeitada, tal como se respeitaria uma tribo nativa por se reconhecerem as suas especificidade e determinantes étnicas. Com a Igreja não é diferente, pois se rege por princípios irredutíveis à racionalização contemporânea. E se a virmos como um Estado entre outros Estados, então teremos de levar essa lógica até ao fim e admitir a sua soberania e o direito à autodeterminação. A retórica inflamada contra o Vaticano, esquecendo a antropologia e a História, é combate ideológico oportunista, simulacro de justiça."